Descrição de chapéu

Misto de pastor e punk, Nick Cave eletriza o público em performance antológica

Músico atingiu, aos 61 anos, o auge criativo e de popularidade

O cantor e compositor australiano Nick Cave, que se apresenta com a banda Bad Seeds em São Paulo
O cantor e compositor australiano Nick Cave - Divulgação
André Barcinski
Buenos Aires

Nick Cave

Nick Cave e sua banda, o sexteto The Bad Seeds, se apresentam domingo (14), no Espaço das Américas, em São Paulo. Em Buenos Aires, último show antes da chegada ao Brasil, Cave fez uma apresentação antológica.

Durante duas horas e meia, a banda eletrizou 7.000 mil fãs, que esgotaram os ingressos no ginásio Malvinas Argentinas. Foram 19 canções, abrangendo toda a carreira de 34 anos de Cave com os Bad Seeds.

Assim, canções recentes, como "Jesus Alone" e "Rings of Saturn", ambas do álbum "Skeleton Tree" (2016), foram intercaladas com "Tupelo" (1985) e "From Her to Eternity", esta do primeiro disco solo de Cave, lançado em 1984.

A plateia cantou todas as músicas e ficou em silêncio respeitoso nas canções que ele tocou ao piano, como "The Ship Song" e "Into Your Arms".

A interação do cantor com seus fãs é impressionante: como um misto de pastor e punk, Cave regeu os espectadores, se jogou nos braços do público, desceu à plateia e convidou dezenas de pessoas para subir ao palco com ele no fim da apresentação.

Nick Cave sempre teve uma relação intensa com os fãs, mas essa conexão se tornou ainda mais forte nos últimos anos. Ele é um compositor confessional, que põe sua vida pessoal em cada letra, e seus admiradores se acostumaram a acompanhar toda a sua trajetória por meio das canções.

Em 2015, o cantor perdeu um filho, Arthur, de 15 anos, que morreu ao cair acidentalmente de um penhasco próximo a Brighton, no Reino Unido, onde Cave mora com a família. No ano seguinte, Cave lançou "Skeleton Tree", uma sessão de exorcismo em forma de disco, em que descreve a dor da perda. "Jesus Alone", faixa que abre o LP, diz: "Você caiu do céu / e se espatifou num campo / próximo ao rio Adur".

Os fãs de Cave formam uma confraria obsessiva e amorosa, e retribuem a honestidade do cantor com uma devoção impressionante.

Nas últimas turnês do músico australiano, os shows têm assumido um tom quase religioso, em que Cave divide com a plateia suas angústias, tristezas e alegrias.

Desde a época em que comandava a banda pós-punk The Birthday Party, no fim dos anos 1970, Nick Cave era considerado um grande "frontman", um cantor carismático e de total domínio do palco.

Passados 40 anos, sua técnica foi aperfeiçoada. Hoje poucos intérpretes têm um controle de palco e plateia tão absoluto. Durante as apresentações, Nick Cave dá tudo que tem: corre por todos os lados, fala com o público, interage com a banda e consegue transformar um ginásio de 7.000 lugares em um ambiente íntimo.

Aos 61 anos, Cave atingiu o auge criativo e de popularidade. Seus discos mais recentes estão entre os melhores de sua carreira, e ele tem tocado em espaços cada vez maiores, para um público cada vez mais aficionado. Ver um show dos Bad Seeds, hoje, é testemunhar uma grande banda em seu melhor momento. Não perca.

Shows

Nick Cave & The Bad Seeds

Rock
até R$360

O cantor, compositor, ator e roteirista australiano chega ao Brasil com seus colegas Mick Harvey e Blixa Bargeld e apresenta sucessos da banda formada nos anos 1980 que se consolidou como um dos nomes mais influentes do rock alternativo. No repertório, aparecem músicas como

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