O médico e escritor Drauzio Varella, colunista da Folha, disse que é “lamentável estarmos nesta posição”, sobre a situação política do Brasil.
“Eu vivi a ditadura militar, era estudante na USP, um lugar muito visado”, afirmou, durante mesa redonda da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, após ser questionado sobre o futuro do país.
“Pagamos um preço alto, mas sobrevivemos”, disse sobre o regime. “Nós vamos sobreviver."
E citou Millôr Fernandes: “O Brasil tem um enorme passado pela frente”.
Varella é um dos homenageados desta edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Ele foi escolhido para receber o prêmio Humanidade, uma das honrarias do evento, dedicada a pessoas que tenham desempenhado um trabalho humanista durante suas carreiras.
O colunista da Folha também é objeto do curta documental "Conversa com Ele", dirigido por Bárbara Paz. O filme, em cartaz na programação da Mostra, põe o médico para ter uma conversa hipotética com o cineasta Hector Babenco, morto em 2016, que levou aos cinemas um das obras mais famosas de Varella, "Estação Carandiru".
O livro foi tema de debate na mesa, que também discutiu o processo de criação de “Carcereiros", outra de suas obras, esta transformada em série de televisão.
Também estava presente o roteirista Fernando Bonassi, um dos responsáveis pelas adaptações de “Estação Carandiru” e “Carcereiros” para o audiovisual.
Ele falou sobre a facção criminosa PCC, da questão da segurança nacional e das dificuldades que Jair Bolsonaro (PSL), se eleito, encontrará.
Para Varella, “o massacre do Carandiru foi um divisor de águas” na história recente brasileira. “O Estado perdeu o poder que tinha nas penitenciárias. E poder não fica vazio. Os bandidos assumiram o poder e criaram as facções."
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