Bruxa Sabrina vira feminista em nova versão do seriado dos anos 60 na Netflix

Plataforma lança 'O Mundo Sombrio de Sabrina', sobre feiticeira revisitada várias vezes na TV

Giuliana Miranda
Barcelona

Empoderada e disposta a, literalmente, enfrentar o Diabo em busca de seus objetivos. Assim é a versão da Netflix para Sabrina Spellman, bruxa adolescente que coleciona adaptações para a TV e o cinema desde a década de 1960, quando surgiu em quadrinhos da Archie Comics.

Ao contrário da levíssima “Sabrina, Aprendiz de Feiticeira” —estrelada por Melissa Joan Hart entre 1996 e 2003— o universo em que a protagonista vive agora é sombrio.

Satanismo, sacrifícios humanos, bruxaria e possessões por demônios são alguns dos elementos que compõem a trama. 

Protagonizada por Kiernan Shipka (a Sally Draper de “Mad Men”), “O Mundo Sombrio de Sabrina” acompanha o mergulho da jovem na bruxaria enquanto tem, simultaneamente, de lidar com questões mais mundanas, como o bullying na escola. 

Filha de um bruxo com uma humana, após a morte dos pais, Sabrina é criada pelas tias, Hilda (Lucy Davis) e Zelda (Miranda Otto). Ela deveria abandonar sua vida normal —incluindo o namorado, as melhores amigas e o colégio— e abraçar de vez o mundo mágico ao completar 16 anos, com direito a uma cerimônia macabra em que ela assinaria um livro cedendo sua alma ao demônio. 

Inconformada com o fato de não ter poder de escolha, Sabrina toma atitudes que sacodem o universo da Igreja Negra, religião das bruxas, com suas atitudes feministas.

A abordagem questionadora também aparece na faceta humana de Sabrina, que enfrenta o diretor de seu colégio para criar um clube de apoio às estudantes do sexo feminino. 

“Acho que Sabrina é um exemplo maravilhoso para as jovens. Ela luta pelo que acredita e está encontrando seu poder”, disse Kiernan Shipka, que interpreta a protagonista, em entrevista.
“Acho que a série está alinhada com o movimento #MeToo, lutando por justiça social e igualdade”, completa.

Criada e dirigida por Roberto Aguirre-Sacasa, showrunner de “Riverdale”, a série é recheada de referências ao universo dos filmes de terror e à estética de clássicos do gênero, como “O Exorcista” e “O Bebê de Rosemary”. Traz de volta, também, personagens queridos de outras adaptações, como o gato preto Salem e o namorado de Sabrina, Harvey Kinkle.

O ator e cantor Ross Lynch, protagonista de “Austin & Alley”, do Disney Channel, dá vida ao par da protagonista. Além do namoro com a bruxinha, ele enfrenta problemas familiares e traumas psicológicos.  
“Eu me relaciono com o meu personagem e com o que ele está passando. O Harvey é só um garoto no colegial que lida muito com o medo” afirmou o ator. Alguns personagens foram criados especialmente para a adaptação e mostram uma preocupação a mais com a diversidade étnica e sexual. 

A personagem Susie Putnam (Lachlan Watson) é não binária —conceito em que a pessoa não se define como do gênero feminino ou masculino—, enquanto o primo de Sabrina, Ambrose Spellman (Chance Perdomo) é pansexual.

Com dez episódios de cerca de uma hora cada um, a série já está confirmada para uma segunda temporada pela plataforma.
 

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior invertia os nomes das personagens interpretadas por Miranda Otto e Lucy Davis. O texto foi corrigido.

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