Em fevereiro, São Paulo passa a contar com mais uma opção de música ao vivo, com foco no jazz e ambiente refinado: é a filial do Blue Note, que será inaugurada em 15/2 com show de Marcos Valle e Azymuth.
A novidade sucede a abertura, em 2017, do Blue Note no Rio. Foi a primeira réplica nacional do clube nova-iorquino de jazz criado em 1981 e notório por shows intimistas de nomes como Sarah Vaughan (1924-1990).
Em São Paulo, serão quase 350 lugares em 800 metros quadrados pontuados por um palco pequeno no Conjunto Nacional, na esquina da avenida Paulista com a rua Augusta.
As obras devem terminar até o fim de janeiro, e o total investido circunda R$ 3,2 milhões —a serem recuperados em 36 meses.
“Se eu for pensar em crise, não saio da cama, fico em posição fetal o dia todo, ou boto dinheiro no capital especulativo. Investir em cultura neste momento é uma aposta no tipo de mundo que a gente quer”, reflete Facundo Guerra.
Célebre por ser ou ter sido dono de boates como Vegas, Lions e Yatch, ele é um dos nomes à frente da empreitada.
O outro é Luiz Calainho, que foi vice-presidente da Sony nos anos 1990 e, depois, criou sua L21 Participações para empreender no ramo cultural.
“Não diria que a crise acabou, mas agora há, do ponto de vista econômico, uma perspectiva otimista”, reforça o carioca, que sonha em trazer Tony Bennett.
A casa terá restaurante a cargo da chef Daniela França Pinto, de menu com pratos como estrogonofe, servidos também das 12h às 16h de segunda a sexta.
De noite, de quarta a sábado, os artistas farão dois shows, repetindo o padrão da matriz americana e maximizando receitas, diz Facundo.
No início, o foco será o instrumental brasileiro, de nomes como Toquinho (16/2) e João Donato (18/4).
As entradas devem custar entre R$ 125 e R$ 380, com um recorte ainda mais elitista em certas apresentações; um show do pianista americano Chick Corea no Blue Note do Rio, em outubro de 2017, teve ingressos vendidos a até R$ 1.200.
“Alguns vão falar que é caro”, reflete Facundo. “Acho que nada é caro; depende do que você recebe. Se eu cobrar R$ 10 mil pra ver um show do Hermeto (Pascoal) e ele tocar só pra mim e tiver gente me abanando, porra, talvez eu pague.”
Segundo ele, “não é ganância”, mas custos versus receitas, “algo muito científico”. “A aposta é em justificar o valor com uma experiência inesquecível”.
No Rio, o Blue Note tropeçou nas finanças e deve cachês a músicos. Calainho credita o débito à recessão e à violência no Rio e crê e que a nova casa em São Paulo fará parte da solução.
Para ele, a chance de acessar mais público na mesma ponte aérea e sinais como o patrocínio master da Porto Seguro Cartões indicam que “é hora de seguir”.
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