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Escolha de Thierry Fischer como regente da Osesp prioriza qualidade musical

Ele assumirá o lugar de Marin Alsop a partir da temporada 2020

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São Paulo

Um dos melhores concertos orquestrais de 2018 em São Paulo (com indicações para melhor do ano tanto no Guia Folha como no prêmio “Concerto”) foi o da Osesp interpretando “Saccades”, de Philippe Manoury, solado pelo flautista Emmanuel Pahud.

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O regente Thierry Fischer, novo regente titular da Osesp - Marco Borggreve/Divulgação

O regente —que também apresentou uma interpretação vibrante da “Sinfonia Fantástica”, de Berlioz— foi o suíço Thierry Fischer, anunciado oficialmente nesta segunda (10) como novo titular da orquestra a partir da temporada 2020.

Fischer —que é também flautista, tendo interagido com Pahud como instrumentista em dado momento da obra de Manoury— superou nomes de regentes cuja colaboração tem sido mais constante, como Osmo Vänskä, Richard Armstrong, Louis Langrée, Giancarlo Guerrero, Arvo Volmer e Nathalie Stutzmann.

Preparada com antecedência e planejamento inéditos, a escolha é um passo institucional importante, que não pode deixar de ser celebrado enquanto tal. 

Fundada em 1954, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo alternou durante décadas bons momentos —sobretudo sob a direção de Eleazar de Carvalho (1912-1996)— e crises profundas.

Tudo mudou com a reestruturação levada a cabo na gestão de John Neschling (entre 1997 e 2009), amparada pela inauguração da Sala São Paulo (em 1999) e pela criação da Fundação Osesp (em 2005), acontecimentos de efeitos sem precedentes em toda a história da música clássica no Brasil.

Além do elevado nível artístico conquistado em tempo relativamente curto pela própria orquestra renovada, há de se considerar a regularidade e a variedade das temporadas, sua intensidade, as atividades educacionais associadas a ela, as encomendas regulares de novas obras, as edições de partituras e o fluxo permanente de gravações.

A Osesp passou a fazer parte do mapa internacional da música clássica, e não é exagero dizer que alguns dos mais importantes regentes e solistas em atuação nas duas primeiras décadas do presente século passaram a ter São Paulo como destino. Seu modelo foi também replicado em outros cenários, sendo o mais bem-sucedido deles o da Filamônica de Minas Gerais.

Ainda assim, a sucessão de Neschling —com sua substituição por Yan Pascal Tortelier, em 2009—, feita no calor da hora, foi bastante tumultuada.

A chegada de Arthur Nestrovski como diretor artístico, em 2010, trouxe um olhar curatorial mais rigoroso para a programação, e o processo que culminou com a escolha de Marin Alsop (cuja gestão iniciou em 2012) já foi mais tranquilo, embora não tenha tido o mesmo tempo de preparação que o atual.

De fato, passou cerca de um ano e meio entre a comunicação de que o contrato de Alsop não seria renovado após a sua oitava temporada (exatamente esta, de 2019) e o anúncio desta segunda.

Esse foi o tempo que um comitê de busca —do qual certamente fizeram parte, além de Nestrovski, o diretor executivo Marcelo Lopes e representantes dos músicos (como o spalla Emmanuele Baldini), além de conselheiros e consultores internacionais— teve para chegar à escolha final.

Segundo a direção da orquestra, Fischer impressionou a todos “pela atenção rigorosa a elementos de estilo e definição sonora nos ensaios”, critério muitas vezes mencionado pelos músicos da Osesp como sendo de extrema relevância. Um de seus professores foi Nikolaus Harnoncourt (1929-2016), um dos mais cultuados especialistas nos estilos barroco e clássico.

​Fischer tem 61 anos, é regente da Sinfônica de Utah (Estados Unidos), e ocupou cargos nas filarmônicas de Seul e Nagoya (Japão) e na Orquestra Nacional da BBC do País de Gales. Seu contrato com a Osesp tem duração de cinco anos (até o final da temporada 2024).

Além do trabalho principal como maestro, o novo regente promete se envolver com a orquestra de uma maneira mais ampla do que Marin Alsop, estando à frente de programas de música brasileira e latino-americana e passando um tempo maior em São Paulo para acompanhar a orquestra regida por convidados —mais próximo, portanto, também do público, de apoiadores e dos projetos educacionais em curso.

Em suas palavras, “me senti de pronto identificado aos músicos, na aversão a simplesmente repetir o que foi feito antes, ou fazer as coisas só por fazer”.

Seu primeiro concerto como novo diretor musical escolhido será no próximo dia 9 de julho, data exata do aniversário de 20 anos da Sala São Paulo, às 11h e às 16h30, com entrada franca, em programa que inclui a "Quinta Sinfonia" de Beethoven e obras eleitas pelo público em votação online.

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