Na série “Érotique Voilée”, feita nos anos 1930, Man Ray fotografou a modelo Meret Oppenhein nua e com parte do corpo pintado. Presente na mostra no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo, a fotografia “Erótica Velada” foi a sugestão da curadora francesa Emmanuelle de l’Ecotais para o cartaz da exposição. A escolhida, contudo, acabou sendo “As Lágrimas”.
No domingo (18), a curadora disse ao jornal O Globo que teve sua ideia recusada pela exposição por se tratar de uma foto com uma mulher nua.
Roberto Padilla, dono da Artepadilla, que produz a mostra, disse que não houve censura e que foi uma decisão em conjunto entre as partes. “Para o brasileiro, a foto poderia dar um tom erótico
maior do que o real”, disse.
Nesta segunda (19), o discurso da curadora mudou e se alinhou com o de Padilla. “Eu entendi errado”, explicou em entrevista à Folha.
Assim como o produtor, ela disse que “As Lágrimas” é uma imagem clássica que transmite melhor a obra do artista para um público que recebe a mostra pela primeira vez. “A imagem tem impacto e dá a ideia de que é surrealista. Não é uma exposição sobre o erótico”, completou Padilla.
A última ala da exposição é voltada para os nus femininos e uma atendente vai alertar o público antes de entrar na sala.
A mostra é patrocinada pelo Banco do Brasil e recebeu autorização para captar R$ 3,6 milhões por leis de incentivo. Nos últimos meses, o banco estatal passou por episódios controversos. Em abril, uma propaganda foi tirada do ar após críticas do presidente Jair Bolsonaro e, em seguida, houve a saída do diretor de marketing.
No último edital para a seleção de projetos de novos filmes fomentados por uma subsidiária do banco, o formulário de inscrição perguntava se havia “sexo explícito” ou referência a “crimes, drogas e prostituição” nas obras.
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