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Discípula foi pivô de rompimento de Rubem Fonseca com Cia. das Letras

Paula Parisot teve livro recusado pela editora e escritor intercedeu, sem sucesso

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São Paulo

A morte do escritor Rubem Fonseca nesta quarta (15) foi lamentada por nomes do mercado editorial brasileiro, entre os quais, Luiz Schwarcz, seu editor na Companhia das Letras por 20 anos.

Fonseca rompeu com a editora há dez anos e, no epicentro do desentendimento, estava uma escritora pupila do autor, segundo a Folha noticiou em 2010.

O editor afirma que o rompimento "foi triste, mas muito respeitoso, ele era um gentleman".

A autora Paula Parisot já havia publicado um livro de contos pela Companhia das Letras em 2007, "A Dama da Solidão", que chegou a ser finalista da categoria "melhor livro de contos e crônicas" do Prêmio Jabuti. No entanto, a autora não conseguiu acordo com a editora, dois anos depois, para publicar o romance "Gonzos e Parafusos".

Rubem Fonseca, então, intercedeu em favor de sua discípula, de uma forma que não foi bem recebida pela editora, de acordo com a reportagem. Na época, Schwarcz e Fonseca negaram.

"Não estou dando declaração porque o que aconteceu foi uma decisão privada, de caráter profissional e pessoal. Houve uma questão pessoal que de alguma forma atrapalhou uma relação profissional de tanto tempo e uma relação pessoal tão íntima e tão carinhosa como a que a gente tinha. E aí a gente, de ambas as partes, decidiu romper", disse Schwarcz, em 2010.

Para um importante editor brasileiro ouvido pela reportagem, que assistiu a tudo de camarote e pediu anonimato, foi bom que isso tenha ocorrido, pois as editoras, diz, estão acostumadas a publicar sem critério, mesmo a contragosto, os apadrinhados dos seus grandes autores.

"Gonzos e Parafusos" conta a história de uma psicanalista que se interna num hospício e se multiplica em outras personagens, entre elas a baronesa de uma pintura de Klimt. Em crítica para a Folha, Alcir Pécora escreveu que o livro se aproxima de "um clichê narcisista adolescente".

O escritor Rubem Fonseca, autor de clássicos como "O Cobrador" e "A Grande Arte", morreu na tarde desta quarta-feira (15), no Rio de Janeiro, aos 94 anos. Ele teve uma parada cardíaca, informou o Hospital Samaritano, onde o autor foi atendido.

Conhecido por sua reclusão —e recusa a dar entrevistas—, a Rubem Fonseca normalmente é atribuída a fundação de uma nova era na ficção nacional, que se tornou mais urbana depois dele. Com os livros do autor, também chega ao país uma influência mais direta da literatura dos Estados Unidos, além da linguagem cinematográfica.

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