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'Soul' captura o movimento das teclas do piano para demonstrar como músico cria

O filme acompanha professor de música numa escola e pianista de jazz talentoso

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Mekado Murphy
The New York Times

A Pixar tem um histórico impressionante de realizações, fazendo com que personagens e texturas pareçam mais autênticos. Mas como retrataria o jazz?

Com "Soul", no Disney+, o desafio era traduzir a qualidade emocional e o improviso que caracterizam a música por meio de um processo que deixa pouco espaço para a improvisação. "Soul" captura o movimento das teclas do piano para mostrar, em detalhes, como um músico cria.

O filme acompanha Joe Gardner, dublado por Jamie Foxx, professor de música numa escola e pianista de jazz talentoso. Quando se senta ao piano, a música o transporta.

Os realizadores da Pixar sabiam que capturar os fundamentos de uma apresentação não seria possível sem a colaboração de artistas de jazz.

"Queríamos garantir que, se esse cara deve ser um músico de jazz, conhecêssemos os clubes, a história da música", diz o diretor do filme, Pete Docter. Ele e sua equipe visitaram casas de jazz em Nova York e consultaram músicos famosos, entre os quais Herbie Hancock, a baterista Terri Lyne Carrington e Questlove.

A Pixar também recorreu ao tecladista Jon Batiste, que comanda a banda do programa "The Late Show With Stephen Colbert". Ele criou as composições originais que Joe executa. Batiste gravou a música num estúdio, e Docter registrou com múltiplas câmeras.

O diretor diz que os animadores exageraram certos movimentos de Joe, pelo visual, mas, "em termos de postura e de tocar a nota certa, era crucial para nós que a sensação fosse realmente autêntica".

Eles ainda puderam recorrer ao registro digital de cada nota que foi tocada. O stream digital podia ser programado de modo reverso como parte da animação, de uma maneira que funcionava quase como um piano mecânico que sinalizava para os animadores que tecla estava sendo tocada. Assim, quando o espectador vê Joe, ele toca exatamente as notas que se ouve.

Docter diz que sua abordagem ao dirigir Batiste era semelhante à que emprega para dirigir atores. Tentava pintar um quadro para ajudar Batiste a compreender o clima.

"Às vezes me limitava a dizer coisas como 'sabe aquela sensação de estar tocando e o mundo desaparece, e quando você desperta, três horas se passaram'", diz Docter. Batiste fazia ajustes em suas composições para atender às necessidades. "Era uma alegria o ver trabalhar", diz Docter. "Como assistir a um show particular."

Batiste diz ter sentido uma conexão com Docter ao criar as cenas, acrescentando que era uma alegria para ele ver com que cuidado a música negra estava sendo tratada.

Docter cresceu numa família musical. Isso tornou mais fácil embarcar nas paixões do filme. E, em sua equipe, os encarregados de animar um instrumento ou tinham experiência tocando o instrumento ou eram fortes apreciadores.

Joe é trazido à vida pela voz de Foxx, pelo desenho e movimento do personagem e pelas composições e interpretação de Batiste. As imagens em close das mãos de Joe refletem o estilo passional de interpretação do pianista --a tal ponto que Batiste se surpreendeu.

"Minhas mãos têm posição central em minha vida", diz. "Fiquei com lágrimas nos olhos ao ver minha essência ganhando vida em Joe."

Tradução de Paulo Migliacci

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