Dinosaur Jr. repete suas guitarras barulhentas em disco de clima tranquilo

'Sweep It Into Space' é novo álbum da banda ícone do rock alternativo dos anos 1990

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São Paulo

J Mascis está bastante ansioso. Ele se expressa com pouquíssimas palavras enquanto olha para baixo, e não para a câmera, numa entrevista por videoconferência. O vocalista do Dinosaur Jr., uma das bandas de rock mais barulhentas dos anos 1990, conta que o ano de pandemia não fez bem a ele.

“Eu tento andar de bicicleta todos os dias e ir para o estúdio todos os dias e fazer alguma coisa. É, essas duas coisas têm ajudado um pouco”, ele diz, em tom monocórdico, respondendo a uma pergunta sobre como tem lidado com o momento.

Seu aparente estado depressivo, contudo, não se traduz no clima das 12 faixas do 12º disco de sua banda, um dos grandes nomes do rock alternativo a surgir nos Estados Unidos pouco antes do movimento grunge e que segue ativo e com uma base de fãs numerosa até hoje —inclusive no Brasil, onde Mascis já se apresentou com o Dinosaur Jr. e em versão solo.

A banda Dinosaur Jr., que lança o disco "Sweep It Into Space" - Cara Totman

“Sweep It Into Space” é um disco tranquilo, sem a melancolia dos trabalhos do início dos anos 1990, quando a banda de Massachusetts estava no auge do sucesso, impulsionada, justamente, pelo som de Seattle, do outro lado do país, que pôs o rock alternativo nas ondas de todas as rádios.

Mas que o ouvinte não se engane —o disco novo tem as tradicionais guitarras muito barulhentas do grupo e os vocais de quem acabou de acordar, uma assinatura de J Mascis.

“Sweep It Into Space” é inegavelmente um álbum de uma banda que fez quase sempre as mesmas músicas, mantendo a qualidade média ao longo dos anos, mais ou menos como fizeram os Ramones. Ambos se valem de uma fórmula que se repete mas não cansa.

Qual é o segredo para que uma banda faça o que sabe fazer por quase 40 anos? “Acho que, de alguma forma, ainda estamos motivados. Acho que não penso muito nisso. Eu meio que aceito que estou na banda e apenas fazemos coisas. Não tento analisar tudo e me preocupar com isso”, justifica Mascis.

Neste ano de pandemia, um dos bons momentos do cantor foi o show que o Dinosaur Jr. fez num drive-in na cidade de Swanzey, no estado de New Hampshire, em outubro, ele conta. Havia um quadrado desenhado ao redor dos carros e o público podia sair e ficar em pé nesta área. Ao final das músicas, as pessoas buzinavam ao invés de bater palmas.

“Sweep It Into Space” foi composto e gravado quase todo antes da pandemia, Mascis conta, de modo que ficou pronto cerca de um ano antes de ser lançado oficialmente. Os músicos são os mesmos desde 2005 —além de Mascis na guitarra e nos vocais, Lou Barlow toca baixo e também canta, e Murphy toca bateria.

A novidade aqui é a produção de Kurt Vile, cantor e guitarrista americano querido da cena alternativa e autor de uma obra, em grande medida, influenciada pelo próprio Dinosaur Jr. Além de produzir, Vile canta e toca guitarra em diversas faixas, mas isso é praticamente imperceptível para o ouvinte.

Talvez a influência maior de Vile esteja no clima relaxado do disco, o que é uma referência à sua própria obra, repleta de músicas que soam como se tivessem sido feitas num estado de torpor, assim como as canções do Dinosaur Jr.

Sweep It Into Space

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  • Autor Dinosaur Jr.
  • Gravadora Jagjaguwar
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