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Estamos rindo de nós mesmos, diz atriz de 'A Vida de Tina', sucesso nas redes

Perfil no Instagram começou dando dicas-piadas de como agir na pandemia e agora lança reality show

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São Paulo

Ela não é a Tina Turner, mas, quando vai às compras ou passeia pelas ruas arborizadas do bairro das Perdizes, em São Paulo, é reconhecida, aclamada e até fotografada. Ela é só a Tina, sem sobrenome mesmo, a estrela do programete "A Vida de Tina", criado por duas amigas, produzido em casa e transmitido unicamente pela rede social Instagram.

Apesar de a Tina ser uma só, ela também é duas –a cara de Isabela Mariotto, de 28 anos, e a voz de Júlia Burnier, de 29 anos. Esse é o segredo, a dublagem, para Tina ter chamado atenção ainda em abril de 2020, quando a quarentena estava começando no país e as duas publicaram o primeiro vídeo.

Júlia Burnier e Isabela Mariotto, respectivamente voz e corpo da personagem do perfil A Vida de Tina, no Instagram - Adriano Vizoni/Folhapress

Quando Mariotto grava o vídeo e Burnier a dubla mais tarde, cada qual em sua casa, o efeito é hilário, propositadamente tosco, emulando os antigos seriados enlatados americanos. “Já fui reconhecida aqui no bairro, na avenida Paulista, na feira, no supermercado e até no elevador do consultório médico. Mesmo estando de máscara”, se surpreende Mariotto.

Egressas do teatro experimental, com passagens pelo Teatro Oficina e habituadas a personagens cômicos, elas começaram dando dicas de como tomar sol ou lavar a louça na quarentena. E foi daí que veio a inspiração para o nome. Quarentina virou Tina. Entre suas marcas, estão uma risada histriônica e um figurino burilado por anos de vida teatral.

“Para criar os textos, nos baseamos em nosso círculo social, em nossas vivências no meio artístico e intelectual”, conta Burnier, que, além de dublar, edita os vídeos e dirige os programetes, que raramente ultrapassam um minuto. “É claro que estamos rindo da gente mesmo, de nossas contradições.”

O sucesso é tanto que até uma empresa que representa um musical sobre a vida de Tina Turner estrilou recentemente. Ao tentarem registrar o nome A Vida de Tina, Mariotto e Burnier receberam um email desses advogados para que elas não o fizessem. Segundo Ivan Borges Sales, advogado da dupla, o pedido de registro vai ser mantido. “Mas esperamos encontrar uma solução amigável com a empresa.”

Isabela Mariotto e Júlia Burnier, criadoras do perfil A Vida de Tina, no Instagram - Adriano Vizoni/Folhapress

Com o tempo, os vídeos sobre quarentena foram evoluindo e deram lugar à série "Expiando a Culpa Burguesa". Nelas, a dupla testou um novo formato, no qual Tina não falava diretamente com o público, mas suas ações eram capturadas pela câmera como se fossem uma pequena novela. “É uma hiperdramatização das nossas vidas”, diz Mariotto. “Ela [Tina] sofre e se envolve de maneira muito exagerada com as situações”, diz Burnier.

As experimentações foram acompanhadas por um enorme crescimento de seguidores. “Mais ou menos em outubro do ano passado, tivemos uma viralização da personagem”, conta Mariotto. “Pulamos de 2.000 seguidores para 100 mil no final do ano. Agora estamos com 185 mil.”

E o crescimento de seguidores foi acompanhado pela procura para que a personagem fizesse publicidade e merchandising. “O legal é que não mudamos o estilo da Tina para se adequar às propagandas. Criamos um roteiro em cima disso e debochamos de estarmos fazendo publicidade”, afirma Burnier.

Após comerciais para imóveis, roupas e cosméticos, A Vida de Tina deixou de ser apenas diversão, como no início, e virou trabalho sério. Se antes as duas gastavam três dias para bolar e realizar um vídeo, hoje elas se ocupam de segunda a sexta, das 11h às 20h.

Arrumaram uma luz profissional emprestada e grudaram um enorme papelão verde em um dos quartos de Mariotto para que pudessem usar o efeito de cromaqui, no qual aplicam uma foto qualquer no fundo, dando a impressão de que Tina está em outro lugar.

Agora elas se preparam para seu projeto mais ambicioso, um reality show de verdade. “Brazil’s Next Artista Experimental” promete movimentar a rede. A ideia, lançada no último sábado de junho, é que os seguidores mandem pequenos vídeos incorporando o papel de um artista experimental. Três jurados (uma delas a própria Burnier) vão escolher os melhores. Ou, talvez, os piores. Seria mais a cara da Tina, afinal de contas.​

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