Morre Christian Boltanski, artista plástico francês das grandes instalações, aos 76

A memória era o tema central dos trabalhos de um dos maiores artistas contemporâneos da França, que expôs em SP em 2015

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São Paulo

Morreu nesta quarta, em Paris, o artista plástico francês Christian Boltanski, aos 76 anos.

O anúncio foi feito por Bernard Blistène, ex-diretor do Centre Pompidou, que disse que o artista estava doente em um hospital da capital francesa há alguns dias, sem informar o motivo da morte. Segundo o site da FranceInfo, o artista enfrentava um câncer.

Boltanski era um dos grandes nomes da arte contemporânea francesa. Nascido em setembro de 1944, numa Paris recém-liberada dos nazistas, de pai médico de origem judaica e mãe escritora francesa que viviam escondidos, ele teve seu trabalho marcado pela memória e pelos traumas do Holocausto.

homem branco careca de rosto redondo posa de lado, ele usa camisa azul clara e casaco azul escuro por cima
O artista plástico francês Christian Boltanski na abertura de uma exposição sua em São Paulo em julho de 2015 - Greg Salibian/Folhapress

Na juventude, ele enveredou pela pintura, que abandonaria em 1968 para se dedicar à fotografia e às grandes instalações, a principal marca de seu trabalho.

Aos longo dos anos 1970, Boltanski participou de importantes mostras, como a Documenta de Kassel, na Alemanha, com trabalhos baseados em fotografias que recolhe de desconhecidos ou em álbuns de família de amigos. Estão ali os temas centrais de sua carreira, a investigação sobre identidade, as relações entre presente e passado, lembrança e esquecimento e o tempo breve da vida humana diante da longa duração da história.

homem branco careca de rosto redondo usando casaco preto e cachecol branco e preto diante de mesa cheia de recortes de papeis com rostos; ele está de braços abertos e parece que fala
O artista francês Christian Boltanski em seu ateliê no subúrbio de Paris em março de 2014 - Mastrangelo Reino/Folhapress

Boltanski expôs da Bienal de Veneza em 2011 uma grande instalação com imagens de bebês em fotos preto e branco que seguiam por uma estrutura que lembrava uma grande gráfica.

Entre suas instalações mais dramáticas, o artista levou em 2010 uma pilha imensa de roupas usadas ao suntuoso espaço principal do Grand Palais, em Paris. Debaixo do delicado teto de ferro e vidro do museu, uma espécie de guindaste cavoucava os trapos, jogando tudo de um lado para o outro. Era uma alusão aos corpos apodrecendo nas valas comuns dos campos de concentração.

O artista expôs em São Paulo uma grande instalação de estruturas feitas de papelão na área de convivência do Sesc Pompeia em 2014 e, na galeria paulistana Baró, em 2015, mostrou uma obra de luzes e sons baseada nas batidas de seu coração.

Boltanski manteve ainda uma longa colaboração artística com sua companheira Annette Messager, também artista plástica francesa, vencedora do Leão de Ouro da Bienal de Veneza de 2005.

Sob a direção de Blistène, o Centre Pompidou, um dos museus mais importantes da França, havia dedicado a Boltanski uma retrospectiva no fim de 2019, com cerca de 50 obras.

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