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Cinemateca retoma suas atividades, e Regina Duarte segue fora dos planos

Após incêndio, nova diretora afirma que quer trazer para a sede todo o material que está no depósito que pegou fogo

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São Paulo

A Cinemateca Brasileira retomou parcialmente, nesta quinta (18), as atividades em sua sede na Vila Clementino, zona sul de São Paulo, após um ano e meio sem técnicos especializados monitorando o acervo.

Quem assume é a Sociedade Amigos da Cinemateca, a SAC, que, além de ter sido escolhida pelo governo para gestão emergencial de três meses, também foi a vencedora do edital que escolheu a gestora da Cinemateca pelos próximos cinco anos.

Quando o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) demitiu Regina Duarte, ele disse que a atriz assumiria o comando da Cinemateca. Essa é uma promessa que não será cumprida, uma vez que é a entidade gestora, de iniciativa privada, quem decide seu quadro de profissionais, e Regina não faz parte dos planos da SAC.

"Não vamos fazer nada correndo nem de maneira irresponsável", diz Maria Dora Mourão, diretora executiva da SAC. "Agora vamos ter que olhar tudo. Mesmo o que está na grande geladeira climatizada, tem que olhar se aconteceu aguma coisa ali dentro, porque não houve o controle correto da climatização. Os profissionais que havia dentro da Cinemateca eram bombeiros, vigilantes e faxineiros, que não são qualificados para checar climatização."

Neste primeiro momento, foram contratados 18 funcionários para lidar com documentação e laboratórios de preservação, diz a diretora.

Entre essas 18 pessoas, estão velhos conhecidos da Cinemateca, como Olga Futemma, que começou a trabalhar na instituição em 1984, chegou a ser diretora e agora ocupará uma função de supervisão.

Voltam também Gabriela Queiroz, coordenadora de documentação, e Rodrigo Mercês, que coordena os laboratórios de preservação.

"Na proposta inicial que nós fizemos ao governo, em agosto do ano passado, nós tínhamos 40 nomes. Bom, um ano e três meses depois, obviamente muitas dessas pessoas estão em outros lugares e não podiam voltar agora", diz Mourão. "Nós não podemos neste momento contratar gente nova, porque até as pessoas entenderem [o funcionamento da Cinemateca] vai demorar, e nós não temos esse tempo."

Durante a gestão da Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto, a Acerp, a Cinemateca tinha cerca de 60 funcionários, diz Mourão, que também lembra que na época áurea da SAC, entre 2008 e 2013, chegou a ter 140 profissionais.

"Primeiro a gente precisa abrir as gavetas, saber o que aconteceu, porque faz um ano e três meses que não tem nenhum técnico especializado que tivesse entrado na Cinemateca. É preciso checar a situação, fazer um diagnóstico, para então planejar a continuidade. Depois, obviamente, vai ter que contratar mais gente, com 18 pessoas não se faz muita coisa", diz Mourão.

Segundo a diretora, não é possível prever exatamente quando a programação voltada ao público será retomada, mas ela estima que isso deve acontecer ainda no primeiro semestre de 2022.

No final de julho, um incêndio atingiu um depósito da Cinemateca Brasileira, na zona oeste de São Paulo. Ainda não há um laudo definitivo sobre as causas e consquências da tragédia, e a SAC não tem acesso ao local. Segundo Dora Mourão, a SAC só poderá entrar no depósito da Vila Leopoldina com autorização da Defesa Civil, apenas para observar o local, ou seja, não tem autorização para manusear o material que ali está. "Só depois que tiver um laudo definitivo é que a gente vai poder mexer nas coisas", diz.

A ideia da SAC é que todo o material que está no depósito que pegou fogo seja direcionado para o prédio da sede da Cinemateca.

"Quando puder mexer no material, o combinado é que nós vamos trazer tudo para a Vila Clementino [a sede oficial]", afirma a diretora da SAC. Ainda é incerto se todo o material caberá no prédio da sede, por isso há a possibilidade de deixar parte dele em contêineres. "Lógico que o acervo não [ficará armazenado em contêiner]", esclarece, no entanto.

Segundo ela, há no depósito uma série de equipamentos antigos de cinema, que estão armazenados com a expectativa de que, um dia, façam parte de um museu do cinema, que por enquanto é só uma ideia. Seriam esses equipamentos antigos que ficariam nos contêineres.

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