Imprensa Oficial de SP tem atividades editoriais, livrarias e gráfica suspensas

Para diretora da Prodesp, que incorporou a instituição, casa está em processo de modernização e será retomada em breve

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São Paulo

A editora da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, a —Imesp que tem quase mil livros de referência cultural em catálogo nas áreas de artes, arquitetura, fotografia, literatura e cinema, entre outros— passa por um momento de dúvidas sobre seu futuro.

Grande parte das obras são editadas em conjunto com instituições, como o Senac ou o Instituto Moreira Salles, e também com editoras universitárias, incluindo a Edusp (Editora da Universidade de São Paulo, também do governo do Estado).

A gráfica que servia a editora, que funcionava no prédio da Imesp na Mooca, foi permanentemente fechada em junho, quando 154 funcionários foram demitidos. Todo o maquinário está em avaliação de preços para ir a leilão.

A livraria física da Imesp, que funcionava na rua 15 de Novembro, 318, no centro de São Paulo, foi fechada no auge da pandemia, e o imóvel, que era alugado, foi devolvido. Já a livraria online está "temporariamente suspensa" há cerca de seis meses. Por fim, o conselho editorial da editora teve as atividades suspensas.

Tela da livraria on-line da editora da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, já com o logo da Prodesp no alto - Reprodução

Toda essa movimentação ocorre durante a incorporação da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo pela Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo, a Prodesp, prevista desde 2019 e realizada oficialmente em 2 de agosto deste ano. Ocorre que boa parte das funções da Imprensa Oficial foram se tornando atividades de tecnologia nos últimos anos.

A emissão de certificados digitais e a publicação do Diário Oficial na internet, por exemplo, faziam parte dessas atribuições da Imesp agora incorporadas pela Prodesp. A angústia de funcionários e ex-funcionários ouvidos pela Folha de forma anônima, se refere principalmente à parte da editora.

Histórias e desenhos do escritor João Guimarães Rosa em correspondências para as netas reunidos no livro "Ooó do Vovô", publicado pela editora da Imprensa Oficial do Estado em parceria com a Edusp e editora da PUC de Minas - Reprodução

Fundada em 2003, a editora da Imesp tem um histórico de excelência editorial. São quase mil títulos nesses 18 anos, sendo que de alguns anos para cá houve queda brusca na produção. Entre 2015 e 2017 foram 22 livros, e de 2018 para cá, mais 60.

A Imesp edita livros históricos como "Viagem Pitoresca e História ao Brasil", de Debret, ou estudos atuais, como "Dicionário de Machado Assis", "História Social do Brasil Moderno" e "Clarice Lispector com a Ponta dos Dedos: A Trama do Tempo". A editora acumula 47 prêmios Jabuti.

Reprodução do livro "Desenhando São Paulo - Mapas e Literatura - 1877/1954", de Maria Lúcia Perrone Passos e Teresa Emídio, publicado pela editora da Imprensa Oficial em parceria com o Senac - Divulgação

Segundo a diretora administrativa e financeira da Prodesp, Izabel Camargo Lopes Monteiro, que trabalhava na Imesp desde 2019, "a união das empresas foi feita para otimizar gastos. A nova Prodesp incorporou o Diário Oficial, os certificados digitais e a editora, e nunca se discutiu a interrupção de nenhum desses serviços."

Quanto à gráfica, Monteiro diz que é diferente. "A gráfica não era um produto Imesp. Ela foi criada para imprimir o Diário Oficial do Estado, mas a última edição impressa do jornal aconteceu em 2017." Com o tempo, a gráfica incorporou outros serviços, como o de livros didáticos para a Secretaria de Educação. "Mas não tínhamos previsão de extensão desse contrato", diz ela.

Monteiro cita números para justificar a extinção da gráfica: R$ 30,3 milhões de prejuízo em 2017, R$ 44,4 milhões em 2018, R$ 34,3 milhões em 2019. Ela também diz que a gráfica empregava mão de obra com salários de até 215% maiores do que a média do mercado.

Em relação à editora, Monteiro nega que haverá interrupção dos trabalhos. Mesmo que a cultura não pareça assunto para uma companhia criada para processar dados, a suspensão dessas atividades é apenas temporária, segundo ela.

"Já estamos retomando a parceria de uma série com a Academia Paulista de Letras, com biografias de personalidades como José Bonifácio e Monteiro Lobato. O nono volume desta série já está em andamento."

Foto do palacete Santa Helena, em São Paulo, finalizado em 1925 e demolido em 1971 em razão da expansão do metrô na praça da Sé, e que integra o livro "Palacete Santa Helena - Um Pioneiro da Modernidade em São Paulo", organizado por Candido Malta Campos e José Geraldo Simões Júnior e publicado pela editora Imprensa Oficial em parceria com o Senac - Divulgação

"Estamos pensando na modernização da editora, então temos a intenção de lançar todo o catálogo em ebook e, a partir de agora, lançar sempre novos livros tanto no formato impresso quanto digital. Nesse momento, estamos trabalhando na readequação de todos os contratos com os autores, pois eles não previam meio digital."

"Quanto às livrarias, elas foram fechadas inicialmente para fazermos um balanço. Agora, estamos transferindo o software de vendas da livraria digital para o software da Prodesp. Acredito que nos próximos meses a livraria online será retomada", afirma Monteiro.

Já a livraria física é uma incógnita maior. "Estamos avaliando algumas possibilidades. Uma delas é fazer parcerias com outras livrarias para termos espaço em diversos locais. Mas uma livraria física própria não está descartada."

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