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Renato Terra

Steven Spielberg vai ao divã em documentário sobre sua carreira

Filme disponível na HBO Max mostra como relação com os pais influenciou obra do produtor e diretor

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Renato Terra

Roteirista do Conversa com Bial e diretor dos documentários 'Narciso em Férias', 'Eu Sou Carlos Imperial' e 'Uma Noite em 67'. Trabalhou na revista piauí até 2016 e foi o ghost-writer do 'Diário da Dilma'

Spielberg

  • Onde Disponível na HBO Max
  • Classificação 16 anos
  • Elenco Steven Spielberg, Martin Scorsese, Richard Dreyfuss
  • Produção EUA, 2017
  • Direção Susan Lacy

A música de "Contatos Imediatos de Terceiro Grau" ainda está na cabeça de muita gente. Assim como os efeitos especiais, as cores. Mas o documentário "Spielberg" revela que no meio dessa grandiosidade havia uma história íntima.

O cineasta Steven Spielberg - Robyn Beck/AFP

"Eu me identifiquei com a obsessão do personagem de Richard Dreyfuss em ‘Contatos Imediatos de Terceiro Grau’. Ele teve que passar pelo caos para alcançar alguma clareza. Ele era um artista tentando atingir as profundezas da imaginação. De certo modo, ‘Contatos Imediatos’ é o filme mais pessoal que eu tinha feito até aquele momento. Porque também falava sobre a desintegração de uma família", diz Steven Spielberg no documentário dirigido por Susan Lacy.

A separação dos pais, quando Spielberg ainda era criança, foi um grande acontecimento de sua vida. "Um dia meu pai desabou. Eu nunca tinha visto meu pai chorar. E eu fiquei na cozinha, indignado porque meu pai não era um homem. E eu comecei a gritar ‘cry baby’ o mais alto que pude." A cena foi reproduzida em "Contatos Imediatos de Terceiro Grau", quando o filho do personagem de Richard Dreyfuss o vê chorando na banheira e começa a gritar "cry baby!".

Para Spielberg, o cinema foi seu divã. "Os filmes são uma terapia para mim. A obsessão por pais e filhos nos meus filmes obviamente têm relação com os sentimentos que carrego comigo e que quero pôr para fora. E eu consegui." Essa relação entre os traumas de Spielberg com a sua obra são o trunfo do documentário. É uma nova maneira de enxergar filmes que estão no imaginário de qualquer um que gosta de cinema.

Por exemplo. "Originalmente, minha ideia para ‘E.T. - O Extraterrestre’ não incluía um ET. Seria como um divórcio afeta a infância e como traumatiza as crianças. O tema principal seria como preencher o coração de uma criança solitária. E que evento extraordinário preencheria o coração de Elliot depois da morte do pai?", disse Spielberg.

O diretor ficou muitos anos sem falar com o pai. E a reconciliação aconteceu com "O Resgate do Soldado Ryan". Arnold Spielberg participou de missões na Segunda Guerra Mundial e contava histórias dos combates o tempo todo quando o diretor era criança.

Há outros méritos no filme, claro. Os bastidores de cenas clássicas, as técnicas de filmagem de Spielberg, seu amadurecimento pessoal e profissional. Tudo isso torna ainda mais interessante a ideia de rever os filmes de Spielberg com um novo olhar.

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