Descrição de chapéu Cinema Guerra da Ucrânia

Cineastas ucranianos vão à guerra contra a Rússia e filmam o campo de batalha

Oleg Sentsov compartilha sua rotina como soldado nas redes sociais, e coletivo de diretores foi reunido por causa do conflito

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São Paulo

Trabalhadores da indústria audiovisual da Ucrânia estão documentando os acontecimentos da guerra inicada contra o seu país pela Rússia a partir de suas experiências dentro da campo de batalha.

Um dos nomes mais conhecidos do cinema ucraniano, Oleg Sentsov, diretor de "Rhino", filme vencedor do Festival de Veneza no ano passado, está na região de Donbass —próxima à Rússia e um dos principais campos de batalha da guerra. Ele tem usado as redes sociais para compartilhar seu cotidiano no campo de batalha como soldado e postou nesta quinta-feira uma foto em sua conta no Facebook abraçado ao colega Serhii Filimonov, que atuou em seu filme premiado, com a legenda "os Rhinos foram à guerra".

Foto representando dois homens brancos com fardamento militar se abraçando de lado
O diretor Oleg Sentsov, à direita, abraça o ator Serhii Filimonov numa foto tirada do campo de batalha da Guerra da Ucrânia - Oleg Sentsov no Facebook/Reprodução

Desde o início da invasão do presidente russo Vladimir Putin sobre o território ucraniano em 24 de fevereiro, muitos trabalhadores da área da cultura tiveram de abandonar sua profissão para se alistar no Exército. De acordo com reportagem da revista Hollywood Reporter, Sentsov abordaria sua experiência em uma conferência no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que se inicia neste fim de semana. O cineasta, porém, cancelou sua passagem pelo evento e vai discursar por meio de uma chamada de vídeo.

O registro dos movimentos das forças ucranianas tem sobrado para os cineastas porque os jornalistas têm sofrido restrições para entrar nesse ambiente, afirmou Denis Ivanov, um dos produtores ucranianos que participam do Festival de Cannes. "Os militares não estão permitindo aos nossos jornalistas participarem de suas equipes, por causa do perigo de eles revelarem suas localizações ou movimentos, e porque há evidências de que a Rússia está perseguindo jornalistas na guerra", ele disse neste sábado.

Outro artista em situação análoga é Serhii Lisenko, diretor do documentário "Brothers in Arms", de 2019, que também foi chamado para apoiar as forças ucranianas.

Também levado aos campos de batalha, um grupo de cineastas incluindo nomes como Valentin Vasianovich —diretor de "Atlantis", filme premiado no Festival de Veneza—, e Olga Beshmelnitsina —atriz e produtora de "Stop-Zemlia", que venceu prêmios no Festival Internacional de Cinema de Berlim— estão gravando as cenas de guerra ao vivo.

Além disso, o coletivo independente de cinema Babylon’ 13, formado para filmar as revoltas populares que tomaram o país em 2013 e 2014, foi reunido novamente em decorrência do conflito com a Rússia. "Nós nos mobilizamos e retornamos ao processo ativo de filmar os eventos sociais na Ucrânia", disse Igor Savichenko, um dos fundadores do grupo, à Hollywood Repórter.

"Todas essas histórias, desde o dramático até o ordinário, são importantes, e todas elas são parte de nossa luta para vencer esta guerra", ele disse, diretamente de Kiev. É importante que o mundo ouça nossa história, e não a história da Rússia, o país que está tentando nos destruir."

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