Festival Vermelhos retorna com programação que vai além da música clássica

Após três anos de paralisação por causa da pandemia, evento em Ilhabela terá apresentação de figuras como Roberto Minczuk

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Iniciado há menos de dez anos, mas já integrado ao calendário de eventos de inverno, o Festival Vermelhos, em Ilhabela, no litoral paulista, tem sua sexta edição marcada para ocorrer entre os dias 8 e 30 de julho. Realizadas no paradisíaco Complexo Baía dos Vermelhos, as apresentações acontecem em três espaços incrustados na mata atlântica, dois deles semiabertos e com vista para a floresta e o mar.

Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, no Festival Vermelhos - Marcus Leoni/Folhapress

O advogado Samuel Mac Dowell aguarda com ansiedade o retorno das atividades no local, idealizado e dirigido por ele. A última edição aconteceu em 2019, ainda em meio a um processo de consolidação do público.

"A expectativa é saber qual será a reação das pessoas, porque novos hábitos podem ter se formado", diz. "Quando Vermelhos começou era uma novidade na ilha, o público compareceu e o retivemos em boa medida. Além desse público, temos pessoas que moram na região, as que têm casa na ilha e as que passaram a vir a Ilhabela por causa do Vermelhos."

A julgar pela programação, recheada de nomes conhecidos, a frequência deve ser intensa. Na sexta-feira à noite, dia 8, Edu Lobo abre o festival com um show no principal espaço, o Teatro de Vermelhos. No dia seguinte, o violonista Fábio Zanon sobe ao palco do Anfiteatro da Floresta, que está de fato inserido em meio à vegetação, às 16h, e a cantora Luedji Luna se apresenta às 20h30.

Tendo começado como um festival de música clássica, a sexta edição do Vermelhos tem uma expressiva presença de artistas populares, além um espetáculo teatral, com o grupo O Castelo das Artes, de São Sebastião, no litoral paulista, e outro de dança, com a São Paulo Companhia de Dança.

Segundo Mac Dowell, não se trata de uma mudança de perfil. "A música clássica responde por mais da metade da programação. Ainda estamos buscando um modelo ideal, mas considero que não existe limite rígido entre as áreas. E temos que eliminar esse entendimento de que há um elitismo da arte clássica", afirma.

"Ao mesmo tempo, Vermelhos quer dar destaque aos artistas que formaram a grande música popular brasileira. Creio que é nossa tarefa trazer esses músicos para o público atual, pois a memória é curta e as pessoas tendem a restringir sua visão à sua própria geração."

Além de Edu Lobo e Luedji Luna, Marcos Valle, João Bosco, a dupla Arnaldo Antunes e Vitor Araújo e o cantor português António Zambujo integram a programação popular. Já um recital de Claudio Cruz e Marcelo Bratke, além da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo com Roberto Minczuk e Yamandu Costa são algumas das atrações clássicas. E, no dia 16, haverá um tributo a Nelson Freire, com cinco pianistas se revezando num recital.

Freire se apresentou três vezes no local e estava estreitando laços com Vermelhos. "Num dos recitais, com o teatro completamente lotado, ele foi aplaudido de pé pelo público ao entrar, coisa que vi poucas vezes na vida", relembra Mac Dowell. "Ficamos muito amigos, e havia a ideia de criar aqui um festival de piano, um festival Nelson Freire. Essa programação, portanto, é um tributo à memória do Nelson."

Nos dois anos em que esteve parado por causa da pandemia, o Festival Vermelhos e as funções do complexo foram repensadas. A ideia é ter uma atividade menos sazonal, atualmente concentrada no festival, no meio do ano, e em concertos de Natal, diluída ao longo da temporada.

Entre as iniciativas nesse sentido estão uma série de música instrumental e outra de música de câmara, que acontecerão quinzenalmente na Sala do Porão –o terceiro espaço do complexo, localizado embaixo do palco do Teatro de Vermelhos— e devem estrear ainda em 2022.

Neste ano, tanto o festival como o restante da programação foram viabilizados com o apoio de empresas, via Lei Rouanet, e recursos próprios do Vermelhos. "Isso não significa que esse assunto esteja equacionado de forma permanente", esclarece Mac Dowell. "Estamos num esforço de conquistar estabilidade de captação para que possamos criar uma programação consistente, que forme hábitos."

Veja a programação atualizada do Festival Vermelhos no link https://www.vermelhos.org.br/vermelhos2022

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.