Descrição de chapéu União Europeia terrorismo

Suspeitos por roubo de obra de Banksy no Bataclan em Paris vão a julgamento

Porta de metal da sala de espetáculos onde ocorreu um massacre terrorista em 2015 continha um desenho do artista

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Anne Lec'Hvien
Paris | AFP

Oito homens comparecem, desde esta quarta-feira, a um tribunal francês pelo roubo, em 2019, de uma obra de Banksy que prestava homenagem às vítimas dos atentados jihadistas de novembro de 2015 em Paris.

A imagem de uma jovem triste decorava uma porta da sala de espetáculos Bataclan, um dos locais do ataque. A porta metálica foi encontrada na Itália, um ano depois de seu roubo.

Um tribunal de Paris deve determinar durante o julgamento de três dias o papel desempenhado pelos oito acusados —sete franceses e um italiano— no roubo e na ocultação da obra.

Policial próximo à obra de Banksy que foi roubada no Bataclan, em Paris - Filippo Monteforte/AFP

O crime aconteceu em 26 de janeiro de 2019. Pouco depois das 4h da madrugada, um veículo branco parou perto da porta lateral por onde fugiram os sobreviventes do atentado ao Bataclan, em 2015.

Três homens mascarados saíram do carro, cortaram as dobradiças com ferramentas ligadas em um gerador e, em menos de dez minutos, saíram com a obra, que estava protegida por um acrílico.

O roubo deste "símbolo de recolhimento e de pertencimento a todos, vizinhos, parisienses, cidadãos do mundo" indignou os então responsáveis pela sala de espetáculos.

Os investigadores reconstituíram gradualmente a operação dos ladrões e conseguiram encontrar a porta em uma fazenda em Sant'Omero, uma cidade no centro da Itália, em 10 de junho de 2020.

Kevin Gadouche, Franck Grillet-Aubert e Danis Gerizier, na casa dos 30 anos, confessaram o roubo quando foram detidos, mas os dois últimos afirmaram que apenas obedeceram ordens. Mehdi Meftah, um amante de arte de rua que guardou a porta no sul da França antes de que seguisse para a Itália, é suspeito de ter "encomendado" a obra.

Durante a investigação, o homem de 41 anos, criador da marca de roupas de luxo BL1.D negou ser o mandante do roubo. Meftah disse que enfrentou um "fato consumado" antes de decidir "empurrar o problema" para a Itália.

Os quatro últimos acusados são julgados por ter, supostamente, transportado a obra.

'Não sabia o que roubava'

A identidade do artista britânico Banksy, que reivindica obras com mensagens políticas no mundo inteiro, é um mistério. Suas obras são leiloadas por milhões de dólares.

O preço da porta foi estimado entre € 500 mil e € 1 milhão —ou o equivalente a entre R$ 2,6 milhões e R$ 5,22 milhões—, um valor ainda em discussão.

"Por mais que meu cliente conhecesse o Bataclan, esse trabalho de Banksy não é algo que seja particularmente familiar a ele. Na verdade, ele não sabia o que roubava", disse Romain Ruiz, advogado de Grillet-Aubert .

O gestor da sala de espetáculo do Bataclan apelou para a restituição da porta aos proprietários do edifício.

O julgamento começou ao mesmo tempo que o processo dos atentados de 13 de novembro de 2015, que deixaram 130 mortos em Paris e nos arredores, entrou na fase dos argumentos finais, nove meses depois de seu início.

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