Chitãozinho e Xororó completam 50 anos de carreira. Às vésperas das eleições, num ano em que artistas têm declarado seus votos em cima dos palcos ou nas redes sociais, os cantores sertanejos decidiram não tomar lado publicamente.
A escolha não reflete o passado dos dois, que apoiaram Fernando Collor contra Lula em 1989, no auge do sucesso. Depois disso, em 2014, a dupla figurou em vídeo promocional de Aécio Neves, do PSDB, contra Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores.
"A gente tem que respeitar o voto de cada cidadão. Independentemente de quem vai ganhar essa eleição, a gente segue sendo brasileiro e trabalhando, produzindo no nosso país", diz Chitãozinho.
Ele vê certa semelhança no apoio que a classe sertaneja deu a Collor e, atualmente, a Jair Bolsonaro, do Partido Liberal. "Foram duas surpresas, dois candidatos que estavam lá, mas ninguém sabia de nada. Eles apareceram do nada e chegaram lá. Tomara que isso seja um exemplo para muitos políticos, de saber que às vezes a pessoa que está no poder não tem a voz —a voz é do povo."
Já Xororó resume seu pensamento lembrando a música "A Nossa Voz", gravada por eles na eleição de 2018, que prega a união e reúne gente de diversos ritmos e correntes políticas —de Caetano e Gil a Elba Ramalho, passando por Karol Conká, Michel Teló e Ivete Sangalo, entre muitos outros. "Esse é o país que eu quero construir/ Com nosso povo andando de mãos dadas vamos conseguir", diz o refrão.
"O voto está aí, com a democracia", diz Xororó. "Vamos continuar assim porque a gente sabe que do outro jeito não foi legal. Pegamos o finalzinho, a gente era criança ainda, mas eu me lembro muito bem que era bem mais difícil. A gente tem que se juntar. A democracia é isso."
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