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Brad Pitt e Angelina Jolie podem ser os novos Johnny Depp e Amber Heard

Novos detalhes de uma briga em um voo particular do casal atiçam apetite pelo lado mais podre dos famosos

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São Paulo

O que acontece nos aviões particulares dos ricos e famosos? No mês passado, Jay-Z, o marido bilionário de Beyoncé, impediu que a modelo inglesa Cara Delevingne viajasse no jatinho do casal.

Delevingne havia chegado aparentemente bêbada, descabelada, descalça e duas horas atrasada ao aeroporto de Los Angeles. Entrou no avião fumando e, 45 minutos depois, saiu desorientada, falando no celular, que derrubou diversas vezes no chão, e foi embora com seu cachorrinho, que também estava programado para viajar, em um SUV preto com janelas pretas.

Brad Pitt com a sua ex-mulher, Angelina Jolie, no Festival de Cannes, em 2011 - Yves Herman - 16.mai.11/Reuters

Agora, o jornal americano The New York Times revela detalhes da briga que aconteceu em um voo particular, em 2016, e que provocou o pedido de divórcio de Angelina Jolie e Brad Pitt. Os dois se enfrentam em um processo que Pitt move contra sua ex-mulher, que vendeu a parte dela de uma vinícola na França que eles compraram juntos, e onde foi celebrado o casamento deles, em 2014.

Brad Pitt, que estava bêbado no tal voo, teria puxado Angelina Jolie pelo cabelo e sacudido a atriz, depois sufocado um dos filhos, dado tapas nas caras de alguns outros e, por fim, gritado que ela estaria destruindo aquela família.

Logo após o veredito do julgamento entre Johnny Depp e Amber Heard, em que o ator saiu vencedor, Brad Pitt pediu que seu processo contra Angelina também fosse julgado por um júri popular, como aconteceu com o do colega.

Marilyn Manson, o cantor com histórico de violência que move uma ação contra sua ex-namorada, a atriz Evan Rachel Wood, também solicitou um julgamento com júri. Ele diz que ela o difamou quando lançou um documentário contando as violências que sofria durante os quatro anos em que passaram juntos.

Nenhum dos dois homens pediu (ainda) que o julgamento seja televisionado, como fez Johnny Depp, o que transformou seu processo no maior fenômeno de audiência da internet dos últimos anos.

Do Tiktok à revista The New Yorker, do Instagram ao Libération, o assunto dominou completamente a atenção do mundo por sete semanas, de 12 de abril, quando começou, até pelo menos até 1º de junho, quando foi lido o veredito.

Montagem de Amber Heard e Johnny Depp - AFP

Estava todo mundo tão hipnotizado por aquele estranho reality show que as pessoas começaram a ver coisas que não estavam lá. Tudo para justificar a obsessão coletiva por uma confusão que, de fato, era quase irresistível.

O mundo enfrentando uma pandemia, milhões, talvez bilhões de pessoas grudadas na tela do computador, fazendo seus trabalhos, estudando, e, a um clique de distância, no site da courttv.com, Johnny Depp e Amber Heard encenavam os momentos finais de suas carreiras e de suas reputações.

E, desde o fim desse show de horrores, algo muito estranho aconteceu no inconsciente coletivo de quem produz e consome notícias sobre gente famosa. A batalha de Johnny Depp e Amber Heard despertou uma fome por fofocas de celebridade que parece não ter limites.

Ela sempre existiu, claro. Mas, depois de ter se engendrado em tanta intimidade, testemunhado duas pessoas lindas, ricas e famosas em suas piores versões, o apetite pelo lado mais podre de quem é conhecido ficou muito mais atiçado. O monstro devorador de fofocas de gente famosa está insaciável.

Seja nos membros da família real inglesa, na equipe de um filme independente americano, na suposta traição do vocalista de uma banda qualquer, numa suposta crise no casamento de Gisele e Tom Brady ou no fim do namoro de um astro de Hollywood, não importa, onde tiver fumaça, a internet cai em cima para ver se o foco do fogo produz chamas suficientes para atrair a atenção do mundo.

Essa história ainda não terminou. Na última sexta-feira (23) a plataforma de streaming Tubi botou no ar um longa-metragem baseado no julgamento, com Mark Hapka como Johnny Depp e Megan David no papel de Amber Heard. O que os produtores apressadinhos imaginavam que aconteceria não aconteceu. Ninguém ligou.

Mas o monstro devorador de fofocas de celebridades que essa trama alimentou saiu dessa experiência com um apetite muito maior, insaciável, e tem procurado estancar essa fome por todos os lados. E, não, esse monstro não quer saber da versão imaginada das vidas de famosos como Elvis e Marilyn Monroe que foram lançadas recentemente. É uma cobiça muito específica, de fatos reais, especialmente os com imagens atreladas.

Desde o lançamento do filme "Blonde", da Netflix, uma versão imaginada da biografia de Marilyn Monroe, saíram centenas de matérias e notas prometendo revelar a verdade sobre a vida da estrela morta aos 36 anos, em 1962.

Quem sabe retomar esse assunto, 60 anos depois, não satisfaz a gana da internet?

Enquanto nenhuma futrica pega a audiência de jeito, parece que cada tropeção, ou até uma atitude normal de uma pessoa conhecida, esteja ela cuidando de promover um longa-metragem em que trabalhou durante um ano ou acompanhando o cortejo fúnebre de sua avó de mãos dadas com sua mulher, vira um projeto de rebuliço. Vai que cola.

Pode ser que a volta ao calendário pré-pandêmico, recheado de festivais de cinema, mega shows, bailes de gala e cerimônias de premiações, tenha simplesmente botado as pessoas famosas nos olhos do público novamente, e o reencontro está parecendo mais tumultuoso do que a gente se lembrava.

E o príncipe Harry e sua mulher, a atriz Meghan Markle, de mãos dadas durante uma parte do cerimonial de despedida da rainha Elizabeth 2ª? E a roupa que ele vestia, diferente da de seu pai e seu irmão? Parem tudo! Tranquem as ruas! Ninguém entra e ninguém sai!

Leonardo DiCaprio terminou um namoro que ninguém sabia que estava acontecendo com uma modelo e em seguida começou a namorar uma outra. Polvorosa nas redes, teorias da conspiração afirmando que o ator não suporta ter ao seu lado alguém com mais de 25 anos, com provas diversas. Só que a modelo com quem ele começou a namorar mais recentemente já tem 27...

Por sorte, a maior parte desses fuxicos que os promotores e consumidores vorazes de mexericos de famosos têm tragado com toda a força são inofensivos. Mas a fome que eles sentem está totalmente descontrolada. Enquanto não surge um novo escândalo estilo arrasa-quarteirão, migalhas e restos lhes interessam.

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