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'Quem os Impede' sabe prender público por 4 horas na Mostra de SP

Filme do espanhol Jonás Trueba, o mais longo do evento, segue jovens ao longo de cinco anos, no estilo 'Boyhood'

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Quem os Impede

  • Quando Em cartaz na Mostra de SP: Espaço Itaú Augusta, sex. (28), às 18h40
  • Classificação 16 anos
  • Elenco Candela Recio, Pablo Hoyos e Pablo Gavira
  • Produção Espanha, 2021
  • Direção Jonás Trueba

Você Tem que Vir e Ver

  • Quando Em cartaz na Mostra de SP: Cineclube Cortina, sáb. (29), às 20h40. Disponível online no Sesc Digital
  • Classificação 16 anos
  • Elenco Itsaso Arana, Vito Sanz, Francesco Carril e Irene Escolar
  • Produção Espanha, 2022
  • Direção Jonás Trueba
  • Link: https://sesc.digital/colecao/mostra-internacional

Ver um grupo de jovens com seus 15 a 20 anos conversando sobre amor, sexo, amizade e política por quase quatro horas no cinema pode não soar como um dos programas mais atraentes. Mas, de alguma forma, o cineasta espanhol Jonás Trueba consegue fazer isso dar certo e manter o espectador na poltrona com "Quem os Impede".

O filme faz parte da programação da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e é o mais longo entre as mais de 200 produções da seleção deste ano, com três horas e 40 minutos de duração, somadas a dois intervalos de cinco minutos cada um.

Cena do filme 'Quem os Impede', de Jonás Trueba
Cena do filme 'Quem os Impede', de Jonás Trueba - Divulgação

Gravado ao longo de cinco anos, ele funciona como um tipo de "Boyhood: Da Infância à Juventude". Mas, enquanto o longa do americano Richard Linklater segue o elenco num período de 12 anos em uma narrativa de ficção sobre crescimento com uma cronologia clara, "Quem os Impede" passeia entre o documentário e a ficção ao acompanhar os jovens numa trama quase sem roteiro.

Na abertura, o diretor espanhol surge em uma tela de videochamada com o elenco. Trueba anuncia que o filme havia sido finalizado e, finalmente, seria lançado. E já adianta ao espectador que o filme terá mais de três horas, com dois intervalos no meio do caminho.

Em seguida, vemos a meia dúzia de garotos e garotas criando histórias para seus personagens no primeiro encontro, em outubro de 2016. A partir daí, o filme é dividido em pequenos capítulos, que tratam de temas diversos. Essas divisões ajudam na hora de deglutir o filme, mantendo o interesse nas diferentes historinhas. As pausas de cinco minutos também ajudam na experiência. "Servem para refletir sobre a vida e sobre o que estão vendo", comenta um dos atores.

A primeira "apaixonite", a primeira vez, as decepções amorosas, a pressão dos pais, o bullying sofrido, as inseguranças, qual faculdade fazer, o descobrimento da própria sexualidade, a sensação de não pertencer a qualquer grupo social, todos os sabores e dissabores da adolescência e de se tornar adulto estão ali na tela.

Tudo isso parece muito próximo a qualquer espectador —jovem, adulto ou na melhor idade. Trueba manipula essa aproximação com as câmeras, que coloca bem próxima aos rostos, quase que colados, como se estivéssemos acompanhando um momento ou uma conversa íntima.

Alguns capítulos são mais interessantes que os outros, como quando dois personagens atravessam de canoa um pequeno lago na fronteira entre Espanha e Portugal, em uma história de amor fofa. Poucas coisas, porém, justificam a duração de mais de três horas de qualquer filme, e algumas rebarbas poderiam ser tiradas daqui e dali, como quando o elenco toca em um festival de música.

Os atores que apareceram logo no início vão e vêm, novos surgem, e não sabemos o que é real ou é roteirizado, e aí o espectador talvez se perca um pouco. Mas parece ser essa a intenção de Trueba, que com frequência surge na tela ou em narrações. Ele faz algo parecido em "Você Tem que Vir e Ver", que também está na Mostra.

Cena do filme 'Você Tem Que Vir e Ver', de Jonás Trueba
Cena do filme 'Você Tem que Vir e Ver', de Jonás Trueba - Divulgação

Na trama, menos emocionante, ele grava os encontros e conversas despretensiosas de dois casais nas faixas dos 30 anos. Nos momentos finais, o diretor surge junto às câmeras e microfones para mostrar que, no fim das contas, tudo ali era encenado. Com uma duração mais curta, de apenas uma hora, o título é exibido online e de graça, pela plataforma Sesc Digital.

Nos últimos trechos de "Quem os Impede", o filme corta para 2020 em outra reunião em vídeo. É justamente nesses minutos finais que está a melhor parte. Depois de acompanhar a liberdade daqueles jovens, ouvimos como a pandemia de Covid pausou a vida dessa geração que está votando pela primeira vez e como afetou a hora de virar adulto.

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