Depois de lançar o disco "Olho Furta-Cor" para celebrar os 40 anos de carreira, a banda Titãs agora anuncia uma turnê comemorativa com os sete membros da formação clássica do grupo. Os roqueiros vão fazer dez shows entre abril e maio do ano que vem.
Branco Mello, Tony Bellotto e Sérgio Britto, os únicos músicos que sobraram da formação original, vão subir aos palcos com Nando Reis, Paulo Miklos, Charles Gavin e Arnaldo Antunes em dez cidades brasileiras.
A turnê começa no Rio de Janeiro, em 28 de abril, na Jeunesse Arena. A última apresentação vai ocorrer em 17 de junho, no Allianz Parque, em São Paulo. Haverá shows também nas cidades Belo Horizonte, Salvador, Recife, Florianópolis, Porto Alegre, Fortaleza, Brasília e Curitiba.
A banda disse, em entrevista coletiva, que o setlist deve estar cheio de músicas lançadas quando os sete músicos ainda estavam juntos —Arnaldo Antunes foi o primeiro a deixar o grupo, em 1992, dez anos depois da criação da banda.
"Todas as vezes que a gente se encontrava eram momentos regados a muita risada e cumplicidade. A gente arranjou um jeito bom de convivência", disse Antunes.
Para homenagear seu pai, Marcelo Fromer, ex-integrante da banda morto em 2001, a cantora Alice Fromer deve subir ao palco em algumas canções no show.
Em entrevista, Bellotto diz que a música dos Titãs tem tudo a ver com o cenário de efervescência política que tomou o Brasil. "O rock tem essa tradição de trazer contestação e rebeldia. É natural que o ritmo ganhe mais relevância com a instabilidade política desse governo que ameaça a democracia", afirma.
"É como diz um tuíte que eu vi: 'O Lula nem assumiu e já conseguiu reunir sete Titãs", brincou Miklos, fazendo os colegas da banda rirem. Eles, que cresceram durante a ditadura militar, celebram a vitória do petista nas eleições.
"Desde que me entendo por gente, espero o dia em que o governo ponha a cultura e a arte num lugar de relevância. É muito clara a estratégia da ultradireita de nos calar. Acredito que agora a gente vá gozar de uma relevância igual a de outros ministérios e assuntos", acrescenta Charles Gavin.
"A gente viveu quatro anos de destruição durante esse governo. Houve uma corrosão lenta que começou nas instituições e chegou ao coração de cada pessoa", diz Antunes.
A banda ainda lamentou a morte de Gal Costa. "Ela tinha uma interpretação cristalina misturada à ousadia. Ela encarnou a contracultura na época do exílio do Caetano e do Gil, e sempre trouxe isso durante a carreira", diz Antunes.
Em entrevista a Gavin, Gal lembrou que não permitia que nenhum homem do mercado fonográfico a tratasse diferente, o que, segundo ele, é um dos traços de uma personalidade que revelam sua relevância para a música brasileira.
Reis diz que a morte de Gal só ressaltou a urgência da turnê. "A vida é uma coisa esquisita, curta. A música que nós fizemos juntos é fundamental. Eu gosto da ideia de celebrar o que nós somos e de celebrar o fato de estarmos vivos", diz ele, que deixou a banda em 2002, um ano após a morte de Fromer e depois de diferenças de opiniões sobre um disco. Agora, o músico afirma que a convivência mudou mesmo depois do divórcio.
A pré-venda dos ingressos, que custarão entre R$ 90 e R$ 380, começa nesta quinta-feira, dia 17, no site titasencontro.com.br.
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