Olodum e Baiana System antecipam Carnaval no Festival de Verão Salvador

Grupos se unem em 'megazord' da música percussiva em show quase todo instrumental que vislumbrou futuro do gênero

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Salvador

BaianaSystem e Olodum fizeram o show mais eufórico da edição deste ano do Festival de Verão Salvador, que acontece neste fim de semana na Bahia. Foi uma apresentação que uniu o passado e o presente e imaginou o futuro da música percussiva baiana, e fez o público suar sob um calor de cerca de 30°C mesmo de noite neste domingo (29).

Grupo fundamental no estabelecimento do samba-reggae –que criou a célula rítmica que gerou a axé music–, o Olodum deu peso e batidas graves ao caldeirão sonoro do BaianaSystem. A banda de Russo Passapusso faz um som que vai do samba de roda baiano ao dub jamaicano, com o qual se tornou uma das referências do Carnaval contemporâneo.

Baiana System e Olodum no Festival de Verão
Baiana System e Olodum no Festival de Verão Salvador - Walter Abreu/Divulgação

Foi uma apresentação majoritariamente instrumental, o que não impediu a plateia de se engajar. Se Bel Marques, no mesmo dia, e Carlinhos Brown, na véspera, já tinham feito um alvoroço, o público não esteve tão abarrotado e nem tão animado como no OlodumBaiana –como foi chamada a parceria.

O Festival de Verão deste ano promoveu uma escalação de encontros, como Jão com Pitty, Luisa Sonza com Alcione e Saulo com Marina Sena neste domingo. Diferente das outras apresentações, contudo, BaianaSystem e Olodum estiveram no palco juntos o tempo inteiro, e não apenas por um período do show.

Isso ocasionou mudanças de clima constantes, da euforia de "Lucro (Descomprimindo)", "Dia da Caça" e "Duas Cidades", do BaianaSystem, à nostalgia de "Avisa Lá (Nossa Gente)" ou à ternura de "Várias Queixas", ambas do Olodum. Foi um encontro de estilos diferentes, mas complementares.

Enquanto o BaianaSystem parece fazer suas músicas para embalar rodas de bate-cabeça, o Olodum tem um balanço mais cadenciado. A dinâmica foi de entusiasmo máximo intercalado com momentos de suingue, dança e canto coletivos.

O show uniu pontas da música afro-brasileira, dos agudos estridentes da guitarra baiana aos baixos robustos das alfaias. O rapper Vandal, que também participou da apresentação, incrementando com mais intensidade a linguagem do rap, de certa forma já presente nas levadas e abordagens vocais de Russo Passapusso, do BaianaSystem.

Passapusso, aliás, é um frontmen de características próprias na música baiana. Além da voz rasgada e afiada, ele funciona como um maestro das rodas de bate-cabeça, que não cessaram um minuto, do começo ao fim do show, espalhadas pelo Parque de Exposições de Salvador.

O repertório ainda incluiu "Alegria Geral", "Faraó Divindade do Egito" e "Olodum pra Balançar", puxadas pelo Olodum, e "Sul-americano" e "Saci", pelo BaianaSystem, entre outras. Tudo enquanto uma nuvem de vapor e suor pairava sobre os baianos.

Foi um encontro de gigantes da música feita para tocar nas ruas, embalando e unindo multidões com uma conexão estreita com os corpos em movimento. Foi Carnaval, mas muito mais que isso.

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