Entenda como Burt Bacharach inspirou o teatro e os musicais até no Brasil

Compositor de 'I Say a Little Prayer' e 'Walk on By' foi revisitado por produtores brasileiros em montagem dedicada aos hits

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Burt Bacharach, morto aos 94 anos, já havia entrado para o panteão dos grandes criadores do songbook americano, ao lado de nomes como Irving Berlin, Cole Porter, Duke Ellington, Rodgers e Hart, e George e Ira Gershwin graças à quantidade de hits que se tornaram clássicos do repertório mundial.

Em comum, além das canções clássicas, esses compositores têm o fato de muitos de seus sucessos terem sido compostos para a produção de um musical ou de um filme.

Entre os principais títulos de Bacharach estão "I Say a Little Prayer", gravado por Aretha Franklin, "Walk on By", "A House is Not a Home" e "I’ll Never Fall in Love Again", responsáveis por transformar Dionne Warwick em uma das principais divas da música americana.

Burt Bacharach em 2007 - Tim Wimborne/Reuters

Se Cole Porter compôs apenas para musicais e teve clássicos como "Everytime We Say Goodbye", "Night and Day" e "So in Love" imortalizados posteriormente por nomes como Frank Sinatra e Ella Fitzgerald, Bacharach também teve alguns de seus principais hits retirados das trilhas de produções como "Casino Royale", de 1967, e "Promises, Promises", de 1968.

Para o filme da franquia James Bond, Bacharach compôs "The Look of Love", uma de suas canções mais famosas, imortalizada por Dionne Warwick e um dos maiores sucessos da canadense Dione Krall nos anos 1990.

Já "Promises, Promises", baseado no filme "Se meu Apartamento Falasse", foi responsável por lançar clássicos como "Knowing When to Leave", "Whoever you Are (I Love You)", "A Fact Can be a Beautiful Thing" e a faixa-título. Indicado a sete prêmios Tony, o musical ganhou um revival em 2010 que levou para a cena outras canções do músico.

A versão brasileira, que estreou em 2018, sob a direção da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, adicionou ainda outro clássico do músico ao repertório, "Close to You", sucesso também de Dionne Warwick e do duo The Carpenters.

Mesmo sem compor especificamente para musicais, Bacharach fez de suas canções veículo para contar histórias.

Musicais jukebox ao redor do mundo adaptaram suas canções para narrar diferentes histórias, desde a do compositor Peter Allen, o primeiro marido de Liza Minelli e coautor de "Arthur's Theme (Best That You Can Do)", no musical "The Boy From Oz", até o brasileiro "Cristal Bacharach", também da dupla Möeller e Botelho.

Protagonizado por Totia Meirelles, "Cristal Bacharach" narrava a história de uma mulher que, prestes a se casar, precisava lidar com o ciúme e as desconexões de seus filhos e seus respectivos cônjuges.

A história era basicamente uma desculpa para enfileiras clássicos do compositor, que, mesmo sem conexão com o texto de Möeller, ajudavam a contar a história sem percalços. Na seleção estiveram "Don´t Make Me Over", "Make It Easy on Yourself", "There’s Always Something There To Remind Me".

Devotos do compositor, Möeller e Botelho ainda assinaram uma terceira produção ligada ao repertório, o show "Close to You", em que a cantora e atriz Malu Rodrigues interpretava sua obra. Rodrigues foi a protagonista da montagem brasileira de "Se meu Apartamento Falasse", ao lado de Marcelo Medici e Maria Clara Gueiros.

Com sucessos no currículo e três prêmios Oscar, Bacharach ainda compôs os temas principais de "O Que É Que Há, Gatinha", de 1965 e "Butch Cassidy", de 1969. Bacharach passou a recusar convites para compor para outros musicais, principalmente depois de 1973, quando rompeu com o letrista Hal David, seu principal parceiro, após o fiasco do remake do filme "Horizonte Perdido", para o qual produziram a trilha.

O músico só voltou a compor sucessos em 1982, quando, se casou com a letrista Carole Bayer Sager. A dupla tem entre seus sucessos "That’s What Friends are For". O músico também deixou e compor para o cinema, além de permitir poucas adaptações de sua obra para o teatro —o original da dupla Möeller e Botelho foi um dos poucos.

Entretanto, ao sair de cena, o músico deixa um repertório capaz de produzir histórias universais ao tratar em suas canções, com letristas diversos, de temas como o amor, o cinismo das paixões, o abandono e o encontro do colo na figura dos amigos.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.