Skank canta com Milton Nascimento em último show no Mineirão e encerra turnê

Grupo encerra atividades três anos após anúncio do término, fechando sequência de eventos que somou meio milhão de fãs

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Belo Horizonte

No último show da sua turnê de despedida, o Skank cantou ao lado de Milton Nascimento para um estádio do Mineirão lotado neste domingo (26). O convidado de honra apareceu nos momentos finais de apresentação, após uma sequência de hits entoados pelos mais de 50 mil fãs presentes.

Foram duas horas de show e, ao fim da eletrizante "Vamos Fugir", a banda saiu rapidamente do palco. Mas o público não aceitou e começou a gritar: "Eu não vou embora".

Milton Nascimento faz uma participação com a música 'Resposta', no bis do último show do Skank, no estádio Mineirão, em Belo Horizonte - Alexandre Rezende/Folhapress

Milton Nascimento entrou abraçado a todos os integrantes e recebido pelo público, que se dividia em gritar "Bituca" e chorar. O cantor se despediu dos palcos em novembro, também no Mineirão. Milton estava emocionado quando cantou "Resposta".

Além da combinação de frenesi e satisfação que todo show proporciona para o público, a despedida da banda mineira dos palcos deixa um sentimento de saudade.

Antes de a banda entrar —com meia hora de atraso no evento marcado para 19h—, um drone sobrevoou o Mineirão e transmitiu as imagens ao vivo no telão. Em seguida, uma câmera acompanhou os músicos caminhando dos bastidores até, enfim, chegar ao palco.

Samuel Rosa, Henrique Portugal, Lelo Zaneti e Haroldo Ferretti abriram o show cantando "Dois Rios", do sexto álbum do Skank, o "Cosmotron". E o público ecoou cada palavra.

A banda mineira se despediu dos palcos na cidade em que começou as atividades há três décadas. Para encerrar em grande estilo, o local não poderia ser mais representativo para a trajetória do Skank.

Além de ser intrínseco à relação apaixonada dos integrantes com o futebol, o estádio também foi cenário do videoclipe de "É uma Partida de Futebol", segunda música do repertório desta noite. A última vez que a banda pisou no local foi em 2020, em meio à onda de lives de artistas que queriam se reconectar com o público a distância durante a pandemia.

Durante "Esmola", faixa do segundo álbum, "Calango", e terceira música do setlist, o público gritou em uníssono quando a letra cita o Mineirão. "No sinal, no Morumbi/ No Mário Filho, no Mineirão".

O show ocorre três anos após o anúncio do término —em novembro de 2019. O que era a "Turnê de Despedida", que começou em 2020 e foi paralisada pela pandemia de Covid-19, viraram "Os Últimos Shows" —e culminou em "O Último Show". A perna final das apresentações se deu em 12 cidades. Mais de meio milhão de fãs encheram esses eventos derradeiros.

No penúltimo show da banda, realizado em São Paulo no domingo (19), Rosa perguntou à plateia do Espaço Unimed —"Quem vai estar no Mineirão na semana que vem?". Muitas mãos se levantaram no meio da empolgação. "E quem mente de vez em quando?", disse o músico dando risada. Mas a banda conseguiu esgotar os ingressos para este domingo.

Foi só no final de "Pacato Cidadão" que o vocalista interagiu com o público dessa noite. Todos os integrantes observaram o público, atônitos. "Assim a gente não aguenta", afirmou o vocalista, emocionado.

Dentre os milhares de fãs, Diego Borel, de 35 anos, veio comemorar seu aniversário, com a esposa, Dayana, de 39. Diego conheceu o grupo aos dez anos de idade, em uma apresentação do conjunto durante a turnê do disco "Calango". Apesar da tristeza pelo do fim do grupo, ele tem expectativas de que o conjunto volte esporadicamente. O casal chegou ao estádio perto das 15h e garantiram um lugar próximo ao palco.

Ao longo destes 25 anos acompanhando o conjunto, ele coleciona oito palhetas, uma baqueta e outras tantas lembranças de quando se espremia entre a grade e o palco para acompanhar sua banda favorita.

Diego Borel, de 35 anos, e sua esposa Dayana, de 39, no último show do Skank, no Mineirão, em Belo Horizonte - Alexandre Rezende/Folhapress

Após "Uma Canção é Para Isso", foi a vez de "É Proibido Fumar" —interpretação da música de Erasmo Carlos e Roberto Carlos, com a licença poética do público, que respondia entusiasmado ao final do refrão com "maconha". "Saideira" também fez o público pular e gritar a plenos pulmões.

"A gente percebeu nitidamente nos shows que essa música tinha ganhado um gás", disse Samuel antes de começar "Ainda Gosto Dela". "Ganhamos um remix dessa música, o que nos deixou muito satisfeitos", falou a respeito da versão de Dubdogz.

Foi então o momento do "Cosmotron", que foi representado pela dupla "Amores Imperfeitos" e "Formato Mínimo", que conta a história de um casal que vive um romance de apenas uma noite. "Balada de Amor Inabalável" exigiu um palco iluminado na cor rosa e alguns feixes roxos e laranjas iluminaram o público.

A fase reggae do show começou com "Ela me Deixou", do álbum "Velocia", de 2014. Em seguida, Samuel Rosa deixou o violão de lado e puxou até mesmo assobios para "Jackie Tequila", descendo do palco para abraçar o público, dar autógrafos e ler cartazes.

"Te Ver", o primeiro grande sucesso da banda, de 1994, alegrou o público, mas foi em "Acima do Sol" que o Mineirão entoou a melodia de uma vogal só que permeia a música e seu refrão.

"Quem aqui tem uma camiseta para girar? Quem não tem, tira [a que está usando]", ordenou Samuel Rosa. Dessa forma, "Três Lados" foi acompanhada de um conjunto de peças de roupas girando freneticamente. Um momento inusitado, mas bonito de se ver.

O ápice do show chegou em "Vou Deixar", que transportou o público para o verão de 2004 e fez a plateia do Mineirão pular —ainda mais do que antes. O hit "Garota Nacional" também trouxe um potente coro da multidão. Atendendo o pedido de fãs da primeira fila, o Skank homenageou o público fluminense com "Baixada News", música do primeiro disco que conta a história de uma pescadora de caranguejos.

A partir do trio "Esquecimento", "Sutilmente" e "Algo Parecido" o clima de melancolia pelo fim da banda ficou mais forte. Casais apaixonados novamente ganharam espaço no telão e trocavam selinhos, enquanto outros fãs eram flagrados chorando.

"A gente segue com vocês e vocês seguem com a gente para sempre porque 'aquilo que eu sinto por você parece ser maior'", brincou o vocalista, antes de começar "Vamos Fugir". No final do show, a interpretação de "I Want You" de Bob Dylan, "Tanto", também foi prestigiada.

Nesta noite intensa de domingo, por três horas, o Skank encantou mais uma vez gerações de fãs de todo o Brasil. Foi uma celebração das três décadas bem-sucedidas dessa banda tão querida. Os integrantes já falaram que poderão voltar para shows pontuais no futuro. O público que sai saudoso dessa apresentação certamente aceitará esses convites.

A jornalista viajou a convite da organização do evento.

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