A missa de sétimo dia da cantora Rita Lee, morta na última segunda-feira (8), aconteceu nesta terça-feira em São Paulo e reuniu família, amigos e famosos, como Pitty, Marisa Orth e Astrid Fontenelle. A cerimônia foi transmitida ao vivo e pode ser vista no canal da Paróquia São Pedro e São Paulo no YouTube.
Conduzida pelo padre Marcelo Francisco Leite, a missa começou com o pároco cantando em gregoriano a liturgia do dia. "Pode ser que não entendamos, porque para nós é difícil não ter mais a Rita entre nós, mas ela agora está junto ao Senhor, gozando da felicidade eterna. E nós estamos aqui, com a sua memória", afirmou o padre.
Ele relembrou a canção "Pagu", de Rita com Zélia Duncan, citando trechos. "Percebi na música a consciência de Rita sobre ser mulher e valorizar a mulher. Ela foi uma mulher que soube entender em seu tempo que tinha uma missão."
O padre afirmou que cada música cantada pela artista, que se tornou a maior estrela do rock brasileiro, traz algo de novo. "Assim como o Evangelho, que é uma palavra viva" disse ele.
"Jesus era a 'ovelha negra' da família. E quem não tem uma na família?", disse. "Rita tinha espiritualidade, irreverência e assim como tantas mulheres, à frente de seu tempo. Ela edifica a vida, assim como o Evangelho. Deus é o maior fã da Rita, porque ele a criou e sua obra manifestou muitos ensinamentos."
Cerca de 250 pessoas compareceram ao evento, enquanto a transmissão ao vivo por YouTube teve um pico de 2.900 espectadores.
Marisa Orth diz à Folha ter achado pertinente que o legado de Rita tenha sido celebrado na missa. A atriz, que participou do primeiro elenco de apresentadoras do Saia Justa, do GNT, com Rita afirma ter tido seu caminho aberto pela cantora.
"Ela foi uma permitidora. A Rita foi um sonho que se tornou realidade na minha vida. Tive a sorte de ter pais que colocavam discos dos Mutantes para eu ouvir quando era criança. Eu sabia todas as músicas deles e da carreira solo dela", diz.
A atriz relembra da experiência de ter atuado com Rita no curta-metragem "Tanta Estrela por Aí", em que Rita interpretava Raul Seixas e Marisa, a mulher dele.
"A gente virou amiga", diz. "Ela foi uma compositora genial, imensa. Não quero que o fato de ela ter sido mulher faça com que as pessoas não saibam disso."
A morte de Rita provocou enorme comoção no meio político e cultural. O deputado Eduardo Suplicy disse que Rita foi uma extraordinária cantora e compositora. O presidente Lula decretou três dias de luto e afirmou que a cantora é um dos nomes mais geniais da música brasileira.
A ministra da Cultura Margareth Menezes se emocionou ao saber da morte e pediu um minuto de silêncio durante uma audiência em que participava no Senado. Artistas como Fafá de Belém, Carlinhos Brown, Anitta, Marisa Monte e Xuxa lamentaram a morte da cantora.
O corpo dela foi velado na quarta no Planetário do parque Ibirapuera, em São Paulo, onde fãs e celebridades se reuniram para homenagear a artista. Ela estava reclusa nos últimos anos após receber um diagnóstico de câncer de pulmão em 2021.
Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, Roberto de Carvalho, marido de Rita, disse que ela lidou com a doença de forma corajosa. "A Rita é considerada um milagre pelos médicos que cuidaram dela", disse.
"Os médicos previram uma sobrevida de três a quatro meses. Ela encarou o negócio com um estoicismo", diz. A cantora viveu mais dois anos após o diagnóstico.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.