"O que vocês estão procurando, queridos policiais?", perguntou Rita Lee, no último show de sua carreira, em Aracaju, em 2012. No palco, a cantora e compositora, morta aos 75 anos nesta segunda-feira (8), se incomodou ao ver policiais revistando seus fãs, à procura de maconha. Após a apresentação, Rita foi presa por desacato à autoridade.
"Vocês não têm o direito de usar a força brutal na meninada que não está fazendo nada. Este show é a minha despedida do palco e vocês continuam tendo que guardar as pessoas, não tendo que agredir. Seus cachorros. Coitado dos cachorros. Seus cafajestes. Vocês estão fazendo de propósito. Eu sou do tempo da ditadura. Vocês acham que eu tenho medo? As pessoas estão esperando eu cantar, não a gracinha de vocês, seus filhos da puta. Agora vêm me prender."
Rita comparava a atitude dos policiais à repressão que sofreu na ditadura, sobretudo depois do AI-5. Em seu último show, reforçava seu posicionamento libertário, contra o moralismo ainda vigente. No palco, era ato derradeiro de uma carreira marcada pela irreverência e o desbunde.
Na delegacia, a cantora assinou o boletim de ocorrência por desacato, sendo liberada em seguida. Na ocasião, o governo de Sergipe deu razão à polícia, emitindo uma nota oficial dizendo que "não foi registrada nenhuma ação dos policiais militares que justificasse os insultos proferidos pela cantora".
Na nota, o governo lamentou ainda o "mal-estar provocado pela cantora" durante o show. Na época, o ex- governador de Sergipe, Marcelo Déda, do PT, classificou o ocorrido como um "espetáculo deprimente". De acordo com Déda, Rita tentou colocar o público contra os policiais.
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