Descrição de chapéu Livros Flip

Fazer literário tem sentido coletivo, diz Itamar Vieira Junior na Flip

Autor de 'Torto Arado' defendeu que a ficção também pode ser entendida como uma forma de entender a realidade

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Paraty

O escritor Itamar Vieira Junior defendeu neste domingo (26), na Flip, que a literatura tenha uma função coletiva e sirva para refletir sobre nossos tempos. O colunista da Folha participou de um debate ao lado da artista indígena Glicéria Tupinambá e da professora Miriam Esposito.

O escritor Itamar Vieira Jr. na Flip
O escritor Itamar Vieira Jr. na Flip - Divulgação

"Muito se diz sobre o trabalho solitário de quem escreve. Mas é impossível escrever sem pensar nos que estão à minha volta, na minha capacidade de trazer isso para a narrativa", afirmou Vieira Jr. "As personagens carregam consigo uma história que nos trouxe até aqui."

Ele ainda afirmou que a ficção é uma tentativa de entender o mundo.

"Durante muitos anos, nos envergonhamos da história brasileira. Mas conseguimos tirar dessa vergonha algo mais poderoso, que é se reconhecer nessa história, compreendê-la para projetar um presente e um futuro diferentes,"

A tenda dos autores ficou lotada, um momento raro nesta edição da Flip. Os três convidados foram aplaudidos entusiasticamente várias vezes pela plateia.

No começo do debate, Glicéria Tupinambá convidou o público a participar de de um ritual de seu povo, no qual a plateia era convocada a responder gritos e bater o pé no chão enquanto ela cantava.

A artista e pesquisadora falou sobre a confecção do manto tupinambá que tem sido exibido em cidades do país, inspirada em saberes de seus antepassados, que confeccionavam peças do tipo —hoje, todos os mantos do século 16 conhecidos estão na Europa. Um deles vai voltar pra o Brasil, como doação do Museu Nacional da Dinamarca para a recomposição do Museu Nacional brasileiro.

"Não assino o manto. Fico discutindo o parentesco, se sou filha do manto ou se ele é meu filho", disse ela. "Na coletividade, não trato a luta separadamente. Utilizo a ferramenta da arte para chegar a algum lugar."

Glicéria também narrou de forma eloquente sua saga para confeccionar o novo manto. Um trabalho que envolveu pesquisa, visitas a instituições europeias —e também, segundo ela, revelações espirituais.

"Tem o lugar do sonho. Tem o gavião falando comigo. Se eu fosse entender na filosofia do outro, eu estava internada", riu.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.