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Greve de atores chega ao fim em Hollywood após 118 dias de filmes e séries congelados

Paralisação deixa perdas bilionárias e se encerra depois de o sindicato dos roteiristas dos EUA também chegar a acordo

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São Paulo

O sindicato dos atores de Hollywood, o SAG-AFTRA, anunciou nesta quarta-feira, dia 8, que chegou a um acordo com a aliança de produtores, a AMPTP. Com isso, o grupo confirmou o fim da greve da categoria, que se arrasta há 118 dias e se tornou a maior paralisação da história de Hollywood contra os estúdios.

Manifestação do sindicato dos atores nos estúdios Paramount, em Los Angeles - Mario Tama/Getty Images via AFP

O acordo foi firmado depois de as negociações entre o SAG e a AMPTP serem retomadas no começo do mês passado. As conversas envolveram algum dos principais executivos da indústria, incluindo os CEOs da Disney, Bob Iger, da Warner Bros. Discovery, David Zaslav, e da Netflix, Ted Sarandos.

O comitê do sindicato aprovou de forma unânime a oferta feita pela AMPTP. A paralisação foi encerrada na virada desta quarta para quinta-feira, 9 de novembro. Os artistas estavam em greve desde o último dia 13 de julho.

Todos os atores, de celebridades e figurantes, já podem retornar aos sets de filmagem e promover os lançamentos cinematográficos e de streaming. O fim da greve também representa o retorno de milhares de funcionários da indústria do entretenimento aos seus postos de trabalho, após uma paralisação que atrasou produções e impactou em bilhões de dólares a economia americana.

Em comunicado, o SAG-AFTRA afirmou que trata-se de "um contrato avaliado em mais de 1 bilhão de dólares" e que a negociação "inclui aumentos salariais mínimos 'acima da média', dispositivos sem precedentes em termos de consentimento e compensação que protegerão os afiliados da ameaça da IA e, pela primeira vez, estabelece um bônus de participação em streaming."

O bônus irá contemplar protagonistas de séries ou filmes com muitas visualizações nas plataformas de streaming. A expectativa é que o documento venha a público na próxima sexta, 10 de novembro, depois de passar pela aprovação de todos os membros do sindicato.

Segundo a revista Variety, o acordo prevê aumentos de 7% nos salários dos atores, dois pontos percentuais acima do previsto nas negociações entre a AMPTP e os sindicatos dos diretores e roteiristas. O documento também prevê proteções legais aos artistas contra o uso de suas imagens por inteligência artificial, ponto mais delicado das negociações e que foi o estopim para a greve.

O tema envolvia o uso da imagem escaneada dos atores para uso posterior às produções em que participaram, sem que as empresas precisassem de autorização dos artistas para reutilizá-las.

A Variety também diz que o sindicato não conseguiu um percentual no lucro das séries e filmes no streaming para os seus membros. A meta, uma das prioridades da greve, acabou revertida para um bônus de participação anual de R$ 40 milhões no modelo.

Os estúdios de Hollywood fizeram uma oferta classificada como final no começo desta semana, mas o sindicato recusou por discordar dos termos estabelecidos para a questão da inteligência artificial. Com a negativa, os estúdios aceitaram reformular o trecho relacionado ao assunto e devolveram a oferta revisada nesta terça-feira, 7 de novembro.

O CEO da Disney, Bob Iger, disse durante uma transmissão para o canal CNBC que os impactos econômicos da greve se agravariam caso o acordo não fosse firmado com urgência, e que os estúdios queriam preservar o novo período de lançamentos.

A greve dos atores, em conjunto com a dos roteiristas, trouxe danos financeiros fortes à indústria. De acordo com o Milken Institute, a economia do estado da Califórnia sofreu um baque de US$ 6 bilhões —o equivalente a R$ 29 bilhões. A produção audiovisual na região também derreteu 41% durante o último trimestre, já que boa parte da produção de filmes e séries precisou ser congelada.

A paralisação dos roteiristas teve fim no dia 28 de setembro, após a categoria firmar um acordo com os estúdios. Entre os termos negociados estão um bônus aos escritores proporcional a audiência obtida, dados que passam a ser compartilhados com o sindicato —que poderá divulgá-los.

A resolução abre um novo momento no mercado do streaming. Com clausulas trabalhistas claras, as plataformas terão que trabalhar com expectativas realistas de audiência. Até então, só os estúdios tinham acesso aos dados e podiam decidir o que seria disponibilizado ao público e aos investidores.

Quanto ao uso de inteligência artificial, as produtoras serão obrigadas a informar os roteiristas quando a tecnologia for utilizada para ajustes no texto. As companhias também estão proibidas de obrigar os escritores a usar a ferramenta.

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