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Escola de Arte Dramática, uma das mais importantes do país, tem alunos sem aula

OUTRO LADO: Diretoria do curso na USP afirma que já solicitou a contratação de novos professores ainda para o mês de março

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São Paulo

Estudantes da Escola de Arte Dramática, a EAD, uma das mais importantes instituições de ensino de teatro da América Latina, estão sem aula. Em crise, a escola, sediada na Universidade de São Paulo, a USP, tem, atualmente, apenas cinco professores para um total de 80 alunos.

O número de docentes teve uma queda acentuada ao longo do tempo. Nos anos 1990, eram 20 professores. Em 2009, o número caiu para 16, até chegar à situação atual. O curso tinha dez professores, mas cinco se aposentaram no ano passado.

A Escola de Artes Dramática na USP
A Escola de Arte Dramática na Universidade de São Paulo - USP/Divulgação

Durante todo esse tempo, a universidade não efetuou as contratações para repor as vagas, gradualmente abertas com a saída dos funcionários.

Em nota, a diretoria da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, a ECA, que administra a EAD, confirma o atual cenário de crise. "A ECA já solicitou à reitoria a antecipação da distribuição de vagas de funcionários que se aposentaram no ano passado. Com essas vagas, deverão ser contratados, ainda em 2024, mais novos orientadores para a EAD", diz a nota.

Não à toa, uma das principais reivindicações da greve geral, que ocorreu de setembro a novembro, era a contratação imediata de funcionários, por causa das aposentadorias.

"Há um descaso da universidade com o nosso curso. A universidade adora falar dos talentos que foram revelados aqui, mas não faz nenhum investimento", diz a aluna Maya de Paiva, que integra o Coletivo Estudantil Léa Garcia, criado para combater a crise.

Atualmente, os alunos do primeiro e do segundo ano estão sem aula na cadeira de interpretação. Já os alunos dos últimos dois anos não têm como frequentar as aulas de direção teatral.

No semestre passado, um edital foi aberto, e dois professores de interpretação foram selecionados para integrar o corpo docente da escola. Uma das concorrentes, no entanto, apresentou um recurso no Ministério Público, o que paralisou o processo de contratação dos profissionais.

Em paralelo, dois diretores de teatro, recrutados para os projetos dos últimos dois anos do curso, não puderam começar a trabalhar por mudanças internas da USP no processo de contratação de novos funcionários.

"A sensação geral é de frustração, a universidade deveria ter mais cuidado com as nossas demandas", afirma o aluno Vitor Hugo Rosseto. Criada há 76 anos no último andar do Teatro Brasileiro de Comédia, a EAD se tornou uma referência no ensino de teatro no país.

A lista de estrelas formadas ali é longa, e inclui os nomes de Ney Latorraca, Aracy Balabanian, Sérgio Mamberti, Glória Menezes e Vera Holtz. Para este ano, o orçamento da USP, aprovado em dezembro, é de R$ 8,6 bilhões, sendo R$ 7,7 bilhões o valor do repasse do governo estadual.

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