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Livro 'O Avesso da Pele', de Jeferson Tenório, vende 400% mais após polêmica

Romance que fala sobre racismo e é distribuído pelo MEC foi alvo de diretora e vereador e foi retirado das escolas de três estados

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São Paulo

As vendas de "O Avesso da Pele", romance literário de Jeferson Tenório que venceu o Prêmio Jabuti de 2021, aumentaram em 400% na Amazon desde sexta-feira, 1, depois do livro ser alvo de uma polêmica em uma escola de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul.

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Capa do livro 'O Avesso da Pele'de Jeferson Tenório - Divulgação

Janaina Venzon, diretora da Escola Ernesto Alves, pediu pela censura do livro, que trata de questões raciais. Em vídeo postado em seu perfil do Instagram, Venzon classifica a obra como inadequada aos estudantes do ensino médio.

O vereador Rodrigo Rabuske (PRD), de Santa Cruz do Sul, também divulgou um vídeo em suas redes sociais na sexta (1º) em que repudia a obra.

"Lamentável o Governo Federal através do MEC adquirir esta obra literária e enviar para as escolas com vocabulários de tão baixo nível para serem trabalhados com estudantes do ensino médio. Solicito ao Ministério da Educação buscar os 200 exemplares enviados para a escola. Prezamos pela educação dos nossos estudantes e não pela vulgaridade, escreveu ela.

Desde o episódio, os governos de Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul retiraram os exemplares de "O Avesso da Pele" das escolas estaduais. Os dois primeiros estados alegaram que vão analisar a obra e avaliar se ela deve continuar sendo utilizada em sala de aula. Já a Secretaria de Educação do terceiro afirmou que o livro foi removido por supostamente utilizar linguagem imprópria para menores de idade e para o uso pedagógico.

O livro havia sido selecionado via Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), programa que, junto ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), compra e distribui livros e materiais didáticos para professores e estudantes de escolas públicas de todo o país. A adesão ao programa, contudo, é opção das escolas.

Tenório também se manifestou sobre o caso em suas redes sociais. "As distorções e fake news são estratégias de uma extrema direita que promove a desinformação. O mais curioso é que as palavras de 'baixo calão' e os atos sexuais do livro causam mais incômodo do que o racismo, a violência policial e a morte de pessoas negras", escreveu.

À Folha, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) do Rio Grande do Sul diz que "ninguém da coordenadoria regional de educação mandou recolher os livros". O Ministério da Educação também enviou nota oficial. "O Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) é uma relevante política do Ministério da Educação com mais de 85 anos de existência e com adesão de mais de 95% das redes de ensino do Brasil. A permanência no programa é voluntária, de acordo com a legislação, em atendimento a um dos princípios basilares do PNLD, que é o respeito à autonomia das redes e escolas", começa o texto.

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