Descrição de chapéu artes plásticas

Bienal de Veneza dá Leão de Ouro a artistas indígenas da Austrália e da Nova Zelândia

Nigeriana ganhou o Leão de Prata, e a argentina se tornou a primeira artista trans a receber uma menção honrosa

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Veneza

O pavilhão da Austrália foi anunciado o vencedor do Leão de Ouro, prêmio máximo para a representação oficial de um país, na Bienal de Veneza, na manhã deste sábado. O trabalho de Archie Moore, o segundo artista de origem indígena a representar seu país na história da mostra italiana, é uma espécie de memorial dos mortos, vítima dos processos de colonização.

Pessoas caminham ao redor da instalação do artista Archie Moore, chamada 'Kith and Kin', no pavilhão australiano da Bienal de Veneza, em 17 de abril de 2024
Pessoas caminham ao redor da instalação do artista Archie Moore, chamada 'Kith and Kin', no pavilhão australiano da Bienal de Veneza, em 17 de abril de 2024 - AFP

Moore, antes da inauguração da mostra, havia descrito seu projeto como um "lugar calmo para a reflexão e a rememoração". No pavilhão escurecido, o artista desenhou com giz toda a sua árvore genealógica, cobrindo todas as paredes e o teto do espaço. Segundo ele, é uma representação de todos os ancestrais em 65 mil anos de história aborígene. No centro do pavilhão, uma mesa concentra pilhas de papéis documentando a morte de pelo menos 500 indígenas.

A menção honrosa foi para o pavilhão do Kosovo, neste ano representado pela artista Doruntina Kastrati, que criou uma instalação que fala sobre mulheres em situações precárias de trabalho, em especial vítimas de ferimentos e acidentes. Ela partiu de uma história real de mulheres que trabalhavam numa fábrica de doces em seu país.

Pavilhão do Kosovo na Bienal de Veneza
Pavilhão do Kosovo na Bienal de Veneza - Folhapress

Entre os artistas, o Mataaho Collective, grupo de artistas indígenas da Nova Zelândia, levou o Leão de Ouro. Na mostra principal, o conjunto construiu uma grande instalação de tecido, uma trama que abraça os pilares da primeira sala monumental do Arsenale. Os artistas já haviam participado da mostra "Histórias Indígenas", no Masp, onde Adriano Pedrosa, à frente desta Bienal de Veneza, é o diretor artístico.

O Leão de Prata foi para Karimah Ashadu, artista e cineasta britânica de origem nigeriana, que fez um filme sobre rapazes que trabalham como mototáxi em Lagos, a capital da Nigéria. É uma obra que fala dos perigos da profissão e da relação desses homens com a polícia e seus clientes, um retrato da precarização do trabalho com uma reflexão sobre a masculinidade na sociedade nigeriana.

As menções honrosas foram para a palestina Samia Halaby, uma pintora abstrata radicada em Nova York, e La Chola Poblete, artista argentina que discute a exotização de corpos mestiços em seu trabalho com pintura, grandes aquarelas marcadas pela influência da cultura pop —ela é a primeira artista trans a receber uma menção honrosa na história da Bienal de Veneza.

Outros dois Leões de Ouro pelo conjunto da obra já haviam sido anunciados. As vencedoras foram Anna Maria Maiolino, italiana radicada no Brasil, onde construiu quase todo o seu extenso trabalho com pintura e escultura, e Nil Yalter, artista turca que discute migrações forçadas e exílio em sua obra.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.