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Anitta não recua após intolerância e volta a falar de sua fé em samba

Cantora sofreu retaliações no mês passado por clipe de 'Aceita', em que retratou ritos de sua religião, o candomblé

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São Paulo

Há um mês, Anitta sofreu represálias causadas por intolerância religiosa e racismo ao lançar o clipe de sua música "Aceita", de seu último álbum, "Funk Generation". Nele, a cantora retrata ritos do candomblé, religião de matriz africana da qual ela é devota.

O susto do público custou a perda de centenas de milhares de seguidores para a cantora. Ela, no entanto, não parece assustada. Nesta quinta-feira, lançou um samba-enredo, que compôs e interpretou, junto de outros músicos, com evocação a Logun Edé, o "santo menino que velho respeita", filho de Oxóssi e Oxum e quem rege Anitta em sua fé.

"Logun edé/ Logum arô/ Logun edé loci loci Logun arô/ A juventude do Borel/ Desce o morro pra cantar em seu louvor", diz a letra, que declara: "Sou a Tijuca e seus candomblés".

Anitta grava clipe de 'Aceita' em terreiro de candomblé no Rio de Janeiro
Anitta grava clipe de 'Aceita' em terreiro de candomblé no Rio de Janeiro - Ricardo Brunini/Divulgação

Em suas redes sociais, Anitta se filmou dançando e cantando ao som da música. "Me convidaram por saberem que eu sou de Logum Edé. Mas eu não penso em puxar nada na avenida, que eu não tenho nem voz para isso. Foi só para gravar o samba, que ficou lindo", disse a cantora, que também afirma ter gravado outra versão da música, possivelmente para lançar nas plataformas de streaming.

Assim como a composição que contou com Anitta, as 12 outras faixas que disputam o lugar na avenida também falam de Logum Edé.

Com a música, que disputa com outras criações seu lugar nas celebrações da Unidos da Tijuca no Carnaval de 2025, Anitta deixa claro que não vai abrir mão de manifestar sua fé. Mais uma vez, como foi no clipe de "Aceita", ela demonstrou coragem em um país que, principalmente em sua ala cristã, não respeita a fé alheia. É um acerto da cantora.

A menção a crenças de origem africana não é inédita nos enredos da Unidos da Tijuca. Basta lembrar da música de 2023, em que, após uma saudação ao pai Xangô, entoa-se: "Beira de Baía que deságua minha fé/ pode ser na missa ou no xirê do candomblé".

A escola, na verdade, bebe das fontes mais variadas para construir seu enredos. Em 2023, acenou a Portugal e disse que, em sua escola, "o fado vira samba e o samba vira fado/ um samba fadado/ ao mar do outro lado". Dez anos antes, a escola havia se aventurado mais longe e evocado Thor, filho do sábio Odin, que rasgava o céu sobre o Borel com seu raio.

As religiões cristãs, também plurais, foram talvez as mais presentes em sambas da escola. Para citar dois exemplos recentes, para além do de 2023, a música de 2019 clamava em oração pelo fim da fome, e a de 2018 louvava Miguel, "arcanjo das artes".

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