Rita Lobo diz que mundo deve comer menos carne e que veganismo é escolha

Chef participou da Feira do Livro neste domingo criticando dietas sem glúten e defendendo a cozinha como libertadora

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O público da Feira do Livro resistiu bravamente às baixas temperaturas se aprochegando ao fogão imaginário da chef Rita Lobo na tarde deste domingo, no Pacaembu, em São Paulo.

Jardiel Carvalho/Folhapress
Com mediação de Isabelle Lima, a quarta mesa contou com Rita Lobo - Jardiel Carvalho/Folhapress

Dona de um pequeno império culinário que inclui livros, cursos, vídeos e um site que atinge 5 milhões de pessoas por mês, a escritora reforçou sua defesa de que "saber cozinhar é libertador, tão fundamental quanto ler e escrever".

Quem estava na plateia viu uma mulher carismática com minucioso controle de sua imagem, modulando com fineza o timing, os sorrisos e as frases de efeito.

Num momento mais descontraído ao fim da palestra, ela ouviu da mediadora, a colunista Isabelle Moreira Lima, da Folha, uma pergunta sobre o que fazer com alguém que vive só à base de ultraprocessados. "Surra!", exclamou, para risadas e aplausos da plateia.

Em seguida, voltou à seriedade dizendo que a melhor solução é "aprender a saber o que você está comendo". "A consciência altera o paladar. Já para criança, simplesmente não compre o que faz mal, afinal ela só vai comer o que tem em casa."

Logo depois, um espectador perguntou se Lobo achava que vegetarianismo era um efeito de bolha ou uma tendência da realidade. Ela respondeu não saber, soando sincera, e fez uma pequena enquete com o público.

Poucas mãos se levantaram quando ela questionou quem era vegano ou vegetariano na plateia. Mas a maioria se ergueu quando a pergunta foi se tinham diminuído o consumo de carne nos últimos dez anos.

"A orientação do mundo hoje é mesmo reduzir o consumo de carne, pela gente e pelo planeta. Hoje também existe um excesso de carne processada", afirmou. "O vegetarianismo tem que ser uma escolha individual, afinal, aprender a assar carne foi importante para nossa evolução como seres humanos."

"Na alimentação escolar, se não tiver carne é um grande problema. Muitas crianças vão para a escola contando com o almoço de lá", apontou.

Lobo também criticou a moda das dietas sem glúten. "Quer turbinar sua alimentação? Esquece esse negócio de que não pode comer glúten. Isso é só para quem tem um diagnóstico médico específico. Você não precisa tirar nada da sua comida, tem é que incluir verduras e legumes."

A chef lançou recentemente um volume de grande porte da sua marca Panelinha, em parceria com a editora do Senac, no que considera "seu livro definitivo".

"Isso porque não imagino que vá fazer outros livros desse tamanho", apontou, segurando o tijolão no colo, segundo ela uma culminação de toda sua obra. "Aqui tem tudo o que eu sei em 20 anos de Panelinha, em quase 30 anos trabalhando com comida."

O que ela quer é continuar fazendo livros de recortes específicos —os próximos, adiantou, devem ser obras voltadas a crianças e um guia para "aprender a temperar as coisas". "As pessoas ficam chocadas quando descobrem que tempero pronto é ultraprocessado. Mas o que é que eu vou fazer agora? Usar ervas e hortaliças, ué."

A Feira do Livro continua neste domingo com mesas abertas e gratuitas com Camila Sosa Villada.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.