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Richard Gadd, criador 'Bebê Rena', diz que stalker o atacou e lhe enviou calcinhas

Inspiração da vilã da série pede mais de R$ 1,2 milhão em processo contra a Netflix, que, segundo ela, exagerou no retrato

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São Paulo

Richard Gadd, o criador e ator de "Bebê Rena", sucesso da Netflix baseado em uma experiência real do artista com uma stalker, relembrou os acontecimentos que inspiraram a série em uma petição judicial do processo movido contra a plataforma de streaming por Fiona Harvey, inspiração da vilã, na última segunda-feira.

Cena de 'Bebê Rena' - Reprodução

No documento, ao qual o portal Variety teve acesso, Gadd disse que conheceu Harvey em 2014, quando trabalhava em um bar em Londres, no Reino Unido. Dois anos depois, em fevereiro de 2016, ele a denunciou à polícia após, segundo ele, ser assediado por ela por dois anos e receber milhares de e-mails e mensagens de voz de teor sexual explícito e perturbador.

"O efeito cumulativo de todas as ações de Harvey foi enorme. Foi exaustivo e extremamente perturbador lidar com suas constantes interações pessoais no Hawley Arms", escreveu Gadd, que diz que ela o seguia pelas ruas de Londres.

"Eu me via constantemente tentando evitar os avanços de Harvey e o contato físico indesejado enquanto servia mesas", ele afirmou. "Eu pedi a Harvey para me deixar em paz e para parar de fazer avanços em várias ocasiões; no entanto, ela ignorou meus pedidos e, como costumava ser, foi persistente e implacável."

Em um episódio de 2015, Harvey teria dito a uma cliente que Gadd transou com ela, segundo ele, mentindo. Em outro episódio, quando Gadd mencionou que soube que ela assediou um político e sua esposa, Jimmy e Laura Wray, ela teria golpeado a parte de trás de seu pescoço e dito que ele arranjaria problemas se continuasse falando.

Com o tempo, as visitas de Harvey ficaram mais intensas, e Gadd passou a se esconder para evitá-la. "Eu tinha medo de Harvey e do que ela poderia ser capaz. Nada a dissuadia, e lembro-me de longos turnos em que eu ficava na varanda ou no porão por horas esperando ela sair."

O ator conta que Harvey tentou intimidá-lo na primeira vez que ele foi à polícia, e que passou a receber mensagens de voz longas e perturbadoras de sua stalker. O medo da perseguição teria afetado seu sono e sua vida como um todo, já que passou a evitar os lugares que ela frequentava.

"Eu estava em pânico e paranoico. Eu estava aterrorizado de pegar metrôs e ônibus com medo de vê-la. Estava preocupado que ela pudesse me machucar ou aos meus pais —especialmente aos meus pais", ele afirma. Eventualmente, ele conseguiu que a polícia emitisse uma notificação de assédio, o que trouxe certa tranquilidade ao ator, mas não afastou completamente Harvey, que, segundo ele, ainda lhe enviou uma carta com roupas íntimas.

A série não identifica Harvey, mas é aberta com um aviso de que a história contada é real. Em uma entrevista com o jornalista britânico Piers Morgan, a mulher deu as caras e disse que seu retrato como Martha, a stalker do seriado, é exagerado.

Harvey pede 170 milhões de libras esterlinas no processo contra o ator, valor que corresponde a mais de R$ 1,2 milhão, sob a justificativa de que a atração a difamou através da forma como retratou Martha, ao mostrá-la, por exemplo, como uma stalker que foi condenada duas vezes, atacou sexualmente o protagonista, perseguiu um policial e chegava a ficar 16 horas plantada em frente à casa do personagem.

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