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Aos 74, atriz Cristina Pereira fala pela primeira vez sobre estupro sofrido aos 12 anos

Veterana da TV e do cinema brasileiro, protagonista de novo filme de Anna Muylaert fez relato durante o Festival de Gramado

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Gramado (RS)

A atriz Cristina Pereira, com carreira televisiva desde a TV Pirata e mais de 30 filmes na bagagem, gerou uma forte comoção neste domingo (11) ao relatar que foi vítima de um estupro aos 12 anos.

Ela participava de um debate no Festival de Cinema de Gramado, onde está para a estreia de "O Clube das Mulheres de Negócios", novo filme de Anna Muylaert, que estreia em novembro nos cinemas.

"É a primeira vez que falo isso em público, fui estuprada aos 12 anos quando ia para a escola", disse, surpreendendo o elenco e o público presente. "Cheguei no colégio e ninguém se preocupou, só queriam saber por que eu estava chegando atrasada", afirmou a atriz, começando a chorar.

Atriz Cristina Pereira com microfone na mão e vestida para o frio
Cristina Pereira em debate da mostra competitiva de longas brasileiros - Matheus Zanchet/Agência Pressphoto/Divulgação

Ela relatou que ia para o colégio, em São Paulo, estudando mentalmente para a prova de francês, quando um homem que fingia ser médico e que queria entregar uma suposta carta à escola a parou na rua e a estuprou. Segundo ela, na época, ainda não havia menstruado.

Durante as filmagens, a atriz relatou o episódio a Muylaert, que levantou da cadeira para abraçá-la. Vários integrantes do elenco, majoritariamente feminino, como Irene Ravache, Louise Cardoso, Katiuscia Canoro, além do ator Luis Miranda, se emocionaram, deixaram seus assentos e se uniram à atriz.

"Eu não sabia nada de sexo e não sabia o que aquele homem tinha feito comigo", disse Pereira, que se revoltou e criticou a "turma do boi, da Bíblia e da bala".

Ela estudava em um colégio de freiras e não houve qualquer tipo de suporte. Na sua família, a recomendação foi que não tornasse o fato público para não se expor. "Eu contei para minha mãe, mas ela pediu que eu não falasse sobre isso", afirmou à Folha.

O ensejo para a declaração foi o debate sobre gênero e patriarcado no filme mais político de Muylaert até agora, uma comédia com ingredientes de horror que sugere uma inversão de papel homens e mulheres, os colocando em situação de silenciamento e abusos. "O Clube de Mulheres de Negócios" é um dos sete filmes que competem na programação de longas-metragens em Gramado.

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