Coala Festival turbina aposta em nomes da MPB

Evento em São Paulo tenta resistir à crise dos megashows ao escalar Lulu Santos, Lenine e Xande de Pilares

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São Paulo

Um dos festivais de música brasileira mais populares do país, o Coala chega à sua décima edição nesta quinta-feira, no Memorial da América Latina, em São Paulo, onde acontece até o próximo domingo.

No line-up, os destaques são apresentações de Planet Hemp, Lulu Santos e O Terno, além de shows e encontros especiais como o em que Lenine e Marco Suzano cantam o seu disco "Olho de Peixe" e o momento em que Xande de Pilares interpreta as músicas de Caetano Veloso.

O cantor Xande de Pilares em ensaio de divulgação do disco 'Xande canta Caetano'
O cantor Xande de Pilares em ensaio de divulgação do disco 'Xande canta Caetano' - Divulgação

O evento, que surgiu num momento em que o underground paulistano fervilhava de novidades, termina sua década num ambiente comercial e cultural muito diferente.

Hoje, é possível perder a conta dos festivais centrados na música brasileira. Só neste ano, houve o Festival de Verão de Salvador, o Planeta Atlântida, no Rio Grande do Sul, e o Breve Festival, em Belo Horizonte, só para citar os que não acontecem no Rio de Janeiro e em São Paulo, eixo onde a competição é ainda mais acirrada, com o Turá, na capital paulista, o Rock the Mountain, na serra fluminense, e o Doce Maravilha, no Rio de Janeiro.

"Até a pandemia, ficamos navegando sozinhos", afirma o publicitário Gabriel Andrade, um dos criadores do festival. "Hoje, virou uma loucura. Temos que antecipar a programação, e os custos explodiram."

A ideia do Coala surgiu quando Andrade, que tinha acabado de chegar à capital paulista, depois de ter se mudado do interior, ficou órfão da programação do Studio SP, quando a casa paulistana fechou as portas pela primeira vez, em 2013. "Foi lá que eu descobri Céu, Tulipa Ruiz, Emicida, Criolo, Curumin", afirma o criador sobre a casa.

Sua ideia era construir um festival que ilustrasse a passada de bastão da música brasileira do século 20 para o século 21, uma ideia vista no Coala com a justaposição de nomes como Angela Ro Ro e Letrux, Ney Matogrosso e Duda Beat, Gal Costa e Tim Bernardes —o último show da cantora baiana, aliás, aconteceu na edição de 2022 do evento, dois meses antes de sua morte.

Andrade, que classifica os fãs do evento como "informados e educados", afirma que o festival vende cerca de 4.000 ingressos assim que é anunciado, mesmo sem revelar qualquer nome do line-up. Isso porque o escopo de curadoria do Coala, apesar de ser amplo, é bem definido — por mais que inclua nomes do hip-hop e, nos últimos anos, também da música eletrônica, sua escalação se concentra nas searas do indie e da MPB.

Depois da pandemia, o festival expandiu seu alcance de duas maneiras — além do selo Coala Records, que lançou discos de artistas como o fenômeno Bala Desejo e o rapper carioca BK’, o Coala realizou neste ano sua primeira edição fora do Brasil, em Cascais, na região metropolitana de Lisboa. Foi um espaço de experimentação onde o evento expandiu sua curadoria para artistas lusófonos, com a presença, para lembrar dois exemplos, da angolana Pongo e da portuguesa Carminho.

Em São Paulo, o Coala implementa essa expansão em sua versão brasileira. No domingo, o palco eletrônico contará com a curadoria do selo português Enchufada. "O futuro do Coala está mais nisso", afirma Andrade. "Você precisa reeducar o público brasileiro a consumir coisas que ele não conhece, e a gente vai começar a fazer isso aos poucos e promover mais esse intercâmbio."

Coala Festival

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