Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
30/07/2012 - 14h00

Crianças e computador: combinação maléfica?

Publicidade

MIRANDA SAWYER
DO "OBSERVER"

Existem coisas na vida que eu não entendo. As regras do rúgbi. O sucesso de David Guetta. Como dar um chute alto no game Fifa 2012.

"Você aperta o Y e o A bem rápido, tipo quase ao mesmo tempo", diz meu filho Patrick, que tem 6 anos. Observo seu polegares pequenos transitando agilmente entre os botões. Ele já sabia jogar games de computador antes mesmo de ler.

Hoje ele usa seu Nintendo DS com a mesma frequência e familiaridade com que eu uso meu celular; quando não tem nada para fazer ele recorre ao Fifa, jogando games, modificando seu time ou treinando jogadas. Isso não me incomoda, exceto quando ele se envolve tanto com uma partida virtual que até chora. Meus e-mails nunca me fazem chorar.

Vou para eventos de adultos --casamentos, aniversários, almoços que se prolongam um dia inteiro-- e sempre, em algum momento, vejo criancinhas reunidas em volta de um aparelho: um telefone, um iPad, um console de mão.

Elas estão absortas e quietas, não estão atrapalhando o dia das outras pessoas, o que é uma coisa boa. Não é? Afinal, quando estamos falando de crianças, não adianta muito fazer de conta que a tecnologia não existe. Seria como fazer de conta que Lego não existe.

Quando os garotos vão às casas uns dos outros, eles jogam futebol (na vida real), jogam futebol (no X-Box 360 ou PlayStation 3) ou pulam uns em cima dos outros numa grande pilha, rolam pelo chão e gritam.

Para ser honesta, meu filho tem uma facilidade com a tecnologia que às vezes acho assustadora; é o caso até mesmo da irmãzinha dele, de 1 ano e meio. A nenê me assusta porque ela vive apagando coisas do meu iPad. Patrick me assusta porque ele conseguia usar os controles do Nintendo Wii, mudar de jogo para jogo, escolher jogadores e montar times quando tinha 4 anos.

Ele ainda não sabe amarrar os cordões dos sapatos. Há pesquisas que indicam que ele não é o único: uma sondagem feita com 2.200 mães em 11 países constatou que 70% dos filhos delas de 2 a 5 anos de idade ficavam à vontade jogando jogos de computador, mas apenas 11% passaram no teste dos cordões dos sapatos.

É claro que a maioria dos calçados infantis hoje é fechada com tiras de Velcro. A história dos cordões dos sapatos não tem problema. Mas os jogos de computador me incomodam, mesmo assim. É o desnível de conhecimento. Não faço ideia do que Patrick está fazendo quando ele joga Zelda ou chora por pênaltis no Classics 6, porque, tirando uma ou outra partida de Space Invaders, nunca me interessei por jogos de computador.

As coisas com que meus filhos brincam são principalmente variações de algo que eu mesma fazia quando era pequena, de modo que, se não souberem como prosseguir, eu posso ajudar. Com jogos de computador, contudo, eu sou inútil.

MOSHI MONSTERS

Michael Acton Smith é um homem simpático de 37 anos. Tem cabelão grande e se veste de preto, levando jornalistas de economia a descrevê-lo como "rock'n'roll". Na realidade, é um nerd: um entusiasta constante, alguém tão dedicado à sua partida semanal de futebol com seus amigos quanto é dedicado a seu trabalho. E qual seria esse trabalho? Moshi Monsters.

Moshi Monsters é um site britânico para crianças pequenas, em que elas escolhem seu próprio monstro, fazem adaptações nele segundo seus gostos e o levam para conhecer o mundo: saem para conhecer outros Moshis, jogam quebra-cabeças, ganham pontos, decoram a casa do monstro, plantam flores e ganham simpáticos bichinhos de estimação chamados Moshlings.

Soa terrível? É evidente que você não tem entre 6 e 12 anos. Metade das crianças britânicas dessa idade tem ou já teve um bicho de estimação Moshi. Em todo o mundo há 60 milhões de usuários do site e esse número esta aumentando; uma criança por segundo se cadastra no site, que só surgiu on-line em 2008.

Ficou no passado a época em que crianças ficavam assistindo atentamente à TV, consumiam filmes ou livros passivamente, compravam os produtos relacionados aos filmes, e só isso. As crianças querem participar.

Elas sempre desenharam personagens alternativos, se fantasiaram de super-heróis; o que o mundo digital faz é lhes proporcionar essa oportunidade. Ele permite que as crianças moldem e compartilhem seu próprio entretenimento. Assim, com Moshi Monster, não apenas elas personalizam seu monstro-avatar como podem decorar o quarto dele, gastar seus Rox (o dinheiro Moshi, que é ganho quando se completam tarefas), escolher seus Moshlings. E podem comunicar-se com outras crianças.

Tudo isso é diversão fantástica e inspiradora para crianças --e motivo de medo digital instantâneo para seus pais. Michael entende isso (na realidade, acho que em boa parte do que ele faz, ele procura equilibrar os desejos das crianças com os de seus pais). Ele descreve o Moshi Monsters como "um jardim cercado por muros", um ambiente de treinamento, e observa que a comunicação entre usuários é monitorada atentamente.

Não se pode usar o aspecto social, por exemplo, a não ser que o pai ou a mãe se cadastrem com um endereço de e-mail, a partir do qual o Moshi obtém e armazena seu endereço de IP.

Mas Michael acredita que a pequena função de rede social do Moshi é útil às crianças. O argumento dele é o seguinte: você não vai querer soltar seu filho de 3 anos no rinque social brutal do Facebook sem que ele antes passe por um tipo de treinamento básico inicial.

"Quisemos criar alguma coisa intermediária entre um velho oeste na internet e um site que é completamente trancado. Tratamos as crianças com respeito, sabemos que elas são inteligentes, e cabe a nós e a seus pais lhes dar orientação sobre como se comportarem neste admirável novo mundo da internet. É a mesma coisa que aconselhá-las a não falar com desconhecidos e ensiná-las a atravessar a rua. Com o Moshi, elas aprendem num ambiente que é desenhado especialmente para elas".

O Moshi Monsters é um ambiente e tanto mesmo na vida real. Sua sede fica no Tea Building, na zona leste de Londres. A recepção parece um bar de praia no Taiti. Para os visitantes, há balinhas de goma Moshi Monsters, pebolim e um velho jogo de Pac-Man de fliperama, ainda funcionando.

É como a ideia que um criador de set de Hollywood teria sobre o que existe na cabeça de Nathan Barley. Irritada, penso que o Moshi não faz muito sucesso entre os amigos de meu filho. Pelo menos não entre os meninos. As cores alegres do site, seus personagens de olhos grandes, são bonitinhos demais, e os games não são suficientemente competitivos.

Conto a Michael sobre meu filho e seu grupinho de garotos que rejeitam Moshi. Ele não se abala --normal, em se tratando de um homem cuja empresa vale £ 125 milhões (R$ 396 milhões) e está em franco crescimento.

"As meninas costumam curtir Moshi um pouco mais que os meninos", diz ele. "A divisão é mais ou menos 65% meninas, 35% meninos. Os meninos geralmente se afastam quando chegam aos 8 ou 9 anos. Quando estão no site, eles se interessam mais pelos elementos competitivos: os quebra-cabeças, os games. A ideia de virar mestre, de dominar algo, é uma coisa muito mais de garotos; é por isso que eles decoram todas as informações sobre cartas Pokemon ou aprendem a identificar todas as bandeiras do mundo. As meninas adoram o aspecto social."

E foi quando o Moshi Monsters introduziu o elemento social, em 2009, que o site realmente decolou. "Muitas crianças não querem apenas brincar on-line --querem vivenciar coisas com seus amigos, compartilhar presentes com eles, exibir-se para eles. Como os adultos", diz Michael.

"E nós não queremos que elas carreguem fotos ou dêem informações sobre sua localização. Não deixamos que enviem mensagens particulares. Mas acho fantástico que possam enviar um presente virtual a seu amigo, deixar recados em seu mural ou bater papo nos fóruns."

O problema social mais comum que os usuários do Moshi enfrentam é com crianças que compartilham suas senhas com um colega de escola e depois o "amigo" vai ao seu quarto e leva tudo.

O que o Moshi faz nesses casos é tentar convencer a pessoa a devolver as coisas; quando ocorre bullying, o site pode proibir um usuário por algum tempo ou até mesmo de modo permanente. Não apenas o ladrão de Rox aprende uma lição, como a parte inocente começa a entender com comportar-se com segurança numa rede social.

Recentemente o Moshi Monsters se expandiu do mundo virtual para o real, com uma revista, que vende 200 mil exemplares por mês, além de cartões, brinquedos de pelúcia, Lego, adesivos, livros e música.

Tenho que admitir que odeio todas essas tralhas, apesar dos esforços de Michael de manter tudo que é Moshi de boa qualidade, estimulante e apropriado para consumidores pequenos. Mas ele não tem filhos. Não é obrigado a diariamente guardar e arrumar todas as tralhas de boa qualidade.

Antes de partir, pergunto a Michael por que, em sua opinião, o Moshi Monsters fez sucesso. Ele me diz que é graças a três elementos: cuidado, social e história. Cuidado: crianças gostam de cuidar de coisas, desde uma boneca ou um bicho de estimação real até um bicho de estimação virtual ou um amigo imaginário. Social: elas gostam de interagir entre elas. História: elas se entediam facilmente. Se um ambiente on-line não tiver uma boa história embutida, a criançada simplesmente vai parar de frequentá-lo.

Saio do Moshi Monsters entusiasmada. Gosto da originalidade do site --de como os seis Monstros principais foram criados a partir de desenhos bobinhos, sem a menor pesquisa de mercado. E saio levando um game para Nintendo DS, o Moshling Zoo. Esse game foi Número Um nas paradas DS por 15 semanas, o tempo mais longo que qualquer game já ficou na primeira posição.

Dou o game a Patrick, que brinca com ele por cinco minutos. "É só para procurar coisas, Mãe", ele diz. "E depois encontrar as coisas." O que ele curte, em termos de tecnologia, são jogos e esportes: tênis ou ciclismo no Wii, Angry Birds no meu iPad, Fifa 2012 (futebol) ou Zelda (um game de aventura e quebra-cabeça) em seu DS. Muitas vezes ele reencena as cenas principais na vida real, para que possamos apreciar suas habilidades de gênio.

BENÉFICO?

Isso tudo é benéfico? Não faço ideia. Patrick realmente curte jogar seus games, mas também se diverte enfiando o rosto numa cumbuca de açúcar em cubinhos, e isso eu não incentivo.

Então converso com Sonia Livingston, professora da London School of Economics que está no conselho executivo do Conselho de Segurança na Internet, do Reino Unido, e é diretora do projeto EU Kids Online. De acordo com ela, existem duas áreas comuns de preocupação para os pais. Primeiro: quanto tempo seu filho passa jogando games. Segundo: o conteúdo desses games.

"Os pais focam o fato de o game envolver futebol ou matar. Mas, para as crianças, o que interessa são os níveis de habilidade, a competição, ganhar pontos, derrotar outros jogadores. Não é o conteúdo que interessa. As crianças têm muitas habilidades que precisam dominar, como leitura e escrita, matemática, comer com garfo e faca. No caso dos games, são habilidades que eles optam por aprender a dominar."

Mas essas habilidades serão úteis na vida? Sei que o xadrez estimula os cérebros das crianças e que Swingball melhora sua coordenação mão-olho, mas jogar Super Mario Kart proporciona algo a meu filho, além do fato de mantê-lo em silêncio por algum tempinho?

Livingstone explica que games em que um nível conduz ao desafio seguinte podem ser benéficos ao raciocínio. Games repetitivos que você joga sozinhos são menos úteis, embora possam ajudar, com persistência e concentração. Embora tome o cuidado de não recomendar nada especificamente, ela menciona que, para crianças mais velhas que meu filho, games de mundo virtual, como SIM, SIM City ou World of Warcraft (um game de roleplaying) podem ser criativamente estimulantes.

Ela dá dois conselhos aos pais. Primeiro: entre on-line com seus filhos quando eles são pequenos, para ajudá-los a entender como controlar o uso da internet. "Segundo", diz ela: "grite menos com seu filho para ele sair de frente do computador, e chame-o com mais frequência para ir ao parque. Somos pais ocupados, e é fácil colocá-los diante de um game enquanto nós cuidamos de nossos afazeres. Todas as crianças dizem que usar o computador é uma maneira de passar o tempo, de evitar o tédio."

Tédio: minha infância foi cheia disso. Horas passadas olhando gotas de chuva descendo pela janela. Dias rabiscando desenhos de mundos alternativos ou inventando programas de rádio em gravadores cassete. As crianças de hoje dispõem de muito mais opções para acabar com o tédio, desde desenhos animados o dia inteiro até um desfile infindável de brinquedos eletrônicos falantes, cantantes, guinchantes.

Além disso, elas esperam que nós os ajudemos a se entreterem. Não me recordo de adultos me darem instruções sobre como fazer coisas, com a exceção de andar de bicicleta. E mesmo isso foi apenas um empurrão nas costas enquanto eu descia o morro, indo cair na valeta. Geralmente éramos deixados a sós para fazer o que quer que estivéssemos fazendo.

Hoje em dia, não apenas somos incentivados a mostrar o amor que sentimos por nossos filhos, como a consciência crescente dos direitos das crianças significa que temos que cuidar mais delas. A lei insiste. Você não pode andar de carro sem que elas estejam acomodadas e presas com o cinto de segurança.

Não pode deixá-las sozinhas enquanto você vai ao supermercado. Jamais, hoje, você poderia mandar seu filho ir brincar na rua às 9h do sábado e dizer a ele que voltasse apenas para o jantar.

Talvez não seja surpreendente que de vez em quando os empurremos para diante de games de computador. Sim, é para nos proporcionar um descanso deles. Mas também para lhes proporcionar um descanso de nós.

PREOCUPADOS

Livingstone me diz que as atitudes dos britânicos em relação à tecnologia diferem das de outros países. Basicamente, Reino Unido, Holanda e Escandinávia estão bem à frente de outras partes da Europa, em se tratando da vida digital. Mas os britânicos são de longe os mais preocupados com a internet --aliás, somos os mais preocupados com tudo.

Nos países nórdicos os direitos das crianças estão em estágio muito avançado, e as pessoas têm confiança no bom senso e segurança de seus filhos. No sul da Europa, as pessoas se sentem mais confiantes em sua posição de chefe de família. Se mandam seus filhos saírem da internet, elas não ficam com sentimentos de culpa por isso. E, graças ao clima, a maioria das crianças brinca fora de casa, de qualquer jeito.

Em suma, no Reino Unido o tempo é ruim e nós vivemos preocupados com pedófilos, então as crianças ficam presas em casa, olhando fixamente para várias telas. Por sorte os pedófilos não sabem usar a internet.

Me recordo da primeira vez em que vi um game de computador. Era o velho jogo de tênis Pong: lento e sem sofisticação, tão emocionante quanto jogar pingue-pongue com uma meia embolada. Não surpreende que eu nunca tenha virado geek.

Mas o que teria acontecido se eu tivesse nascido mais tarde e sido adolescente numa época em que jogos de computador eram tão comuns e divertidos quanto Xadrez Chinês? Será que eu ficaria tão interessada em apresentar meus filhos aos videogames clássicos quanto fico quando leio para eles minhas histórias favoritas de Roald Dahl?

Converso com Dan du Preez, programador de computadores que vive em Leeds e tem 28 anos. Seu filho tem 6 anos, e ele curte Minecraft. Trata-se de um mundo on-line que se parece um pouco com Lego: tudo nele é feito de blocos. É tremendamente popular: já foram vendidos 9 milhões de jogos, sendo que sua versão completa só está à venda há 18 meses.

No Minecraft não existe final: você simplesmente constrói coisas, cria seu próprio ambiente. Mas, para apimentar as coisas um pouco, há o modo ataque, em que aranhas invadem tudo e destroem o que você construiu. Esse modo pode ser ligado ou desligado.

Dan se mostra confiante quando o assunto é tecnologia. Quando era jovem, gostava de frequentar salas de bate-papo, mas isso não quer dizer que ele queira que seu filho use as redes sociais -- "não enquanto ele não tiver maturidade suficiente para saber como se comportar nelas e não tiver casca suficientemente grossa".

E ele também não aprova os games on-line envolvendo múltiplos jogadores, nem para ele mesmo, nem para seu filho, porque você precisa estar diante do computador em determinado horário para jogar e "não pode pausar a ação, algo que crianças não entendem".

Dan acha que as crianças devem aprender o que realmente são os computadores. Ele é fã do Code Club, que visa ensinar crianças em escolas a programar computadores, e acha que era melhor quando os consoles eram mais simples, não tão bonitos quanto são hoje. Você não tem vontade de tirar a capa de trás de um iPad e mexer com suas entranhas.

É perfeito demais e muito caro demais. Já os computadores com que Dan conviveu na infância eram desajeitados e básicos, fáceis de desmontar e entender. Quando seu filho for um pouco mais velho, Dan pretende lhe mostrar que há mais o que fazer com um X-Box do que apenas jogar games. Dan vai lhe revelar que há um computador dentro do console segurado na mão e que seu filho pode fazer esse computador funcionar de outra maneira.

JOGE VOCÊ MESMO

Tudo isso está tão além de minha compreensão que fico um pouco desanimada. Bom, pelo menos, ao que parece, é possível construir um computador virtual no Minecraft. Quem sabe Patrick e eu possamos tentar.

Dan diz: "Quando eu trabalhei numa loja de games, vi muitos pais comprando games que eram totalmente inapropriados para crianças, e eu chamava a atenção deles para isso, mas eles não levavam em conta o que eu estava dizendo. A melhor maneira de descobrir o que serve é alugar games e jogá-los você mesmo." É fácil para ele dizer isso. Duvido que Dan já tenha passado duas horas tentando convencer Lara Croft a parar de chocar-se com as paredes.

Os Moshi Monsters são simpáticos o suficiente para que eu quisesse levar algumas crianças ao seu local de trabalho, então levei Violet, que adora Moshis, Francesca, que gosta dos cartões e dos produtos, e Patrick, que não gosta de nada disso mas, educado, experimenta alguns dos quebra-cabeças.

Na sede do Moshi, as crianças ficam excitadíssimas com o ambiente em que se encontram: a parede de colorir, os jogos de fliperama, a sala de reuniões numa Casa na Árvore. Mas o aspecto mais excitante da viagem, para elas, é a máquina de balas de goma. Elas ficam mascando balas durante toda a visita.

No final da visita, são levadas a uma sala para experimentar alguns produtos cuidadosamente escolhidos. Os três ignoram tudo, preferindo jogar-se em cima dos pufes e soltar gargalhadas.

Crianças são assim mesmo. Elas têm suas próprias maneiras de fazer coisas. Vivem fascinadas por alguma coisa que está ao lado, focando sobre coisas que você não chegou a perceber. Você pode levá-las a um playground, mas não saberá se o que vai chamar sua atenção será o escorregador, a balança de corda ou o botãozinho que desliga a fonte de água.

Mesmo que eu jogue todos os games que meus filhos jogam, o que eu curto na experiência não é o mesmo que eles curtem. Eu gosto do aspecto gráfico bobinho, dos barulhos engraçados. Eles levam muito a sério as posições das medalhas.

Essa festa é deles, não minha. Só o que eu posso fazer é visitar: checar as saídas de incêndio, garantir que todos os presentes tenham a mesma idade e que eles não comam doces demais, para não vomitarem na volta para casa. Ah, e garantir que um adulto responsável --eu?-- esteja presente para o caso de alguma emergência.

Tradução de CLARA ALLAIN.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página