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16/12/2012 - 08h02

Valter Hugo Mãe "concebeu" Nino Cais

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ISABEL COUTINHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LISBOA

A culpa é das mulheres-a-dias. Esta é a história de um encontro transatlântico, que juntou o escritor Valter Hugo Mãe e o artista plástico brasileiro Nino Cais, que parece ter nascido de um dos romances do português, aquele que conta a história de Maria da Graça e Quitéria, duas mulheres-a-dias (ou domésticas) do norte de Portugal. Foi isso que Hugo Mãe sentiu quando visitou a 30ª Bienal de São Paulo e viu a arte de Nino Cais.

"Além da empatia imediata, tive a noção de que era a cara perfeita de 'O Apocalipse dos Trabalhadores'. Era um artista que parecia ter nascido dentro do meu livro", conta. "Com o seu universo íntimo e, ao mesmo tempo, doméstico, é uma versão plástica do meu livro."

O escritor convidou o artista a desenhar a capa da edição brasileira de "O Apocalipse dos Trabalhadores", seu único romance ainda não publicado no Brasil, que a Cosac Naify pretende lançar em março. Quis também que o brasileiro concebesse um retrato seu.

No dia seguinte a ter recebido o Grande Prémio Portugal Telecom de Literatura 2012, em São Paulo, Valter Hugo Mãe foi ao ateliê de Nino Cais ver o projecto que o brasileiro concebeu como "um padrão que acaba sendo quase uma colcha de retalho e remete ao lugar do aconchego da memória". Naquela manhã, Nino Cais e o seu assistente Marcelo Amorim fizeram retratos de Valter Hugo Mãe segurando livros encontrados em sebos, um deles com uma guarda que lembra os azulejos portugueses.

Assista a vídeo sobre Nino Cais

CAMILO BRASILEIRO

Nos anos 1990, a académica brasileira Beatriz Berrini contou ao seu amigo português A. Campos Matos que fizera uma "descoberta sensacional" em São Paulo: um espólio com mais de cem cartas de Camilo Castelo Branco (1825-90) para o seu melhor amigo de infância, o visconde de Ouguela, Carlos Ramiro Coutinho.

As cartas pertenciam a um descendente do visconde que vivia em São Paulo. Estavam dadas como desaparecidas e eram as únicas que faltavam ao espólio da correspondência entre os dois amigos, doado à Universidade de Coimbra, em 1955, e guardadas pela família por as considerarem mais íntimas.

Ao longo de vários anos Beatriz tentou publicar as cartas em livro, mas não conseguiu. Só agora esta correspondência é publicada pela editora portuguesa Clube do Autor. O livro "Camilo Íntimo -- Cartas Inéditas de Camilo Castelo Branco ao Visconde de Ouguela" reúne 250 cartas: 112 do espólio paulistano e 140 do coimbrão.

Numa delas, de 26 de maio de 1873, Camilo conta ao amigo: "Meu caro Carlos, cá estou na oficina a martelar. Os rapazes chegaram mais polidos de Lisboa. Dizem apenas duas asneiras em cada palavra. Agradavam-me mais quando diziam três. Quando disserem só uma, considero-os perdidos. Eu estou com a coluna vertebral torta, e a alma do mesmo feitio."

ESPAÇO BRASIL

Lisboa está mais brasileira. Mês passado a ministra da Cultura, Marta Suplicy, inaugurou o espaço dedicado às artes brasileiras. É um dos pontos altos dos eventos do Ano do Brasil em Portugal, com uma programação que sai do eixo Rio-São Paulo, o Brasil que os portugueses conhecem pelas novelas.

Concertos, exposições, palestras e workshops acontecerão até junho nos 1.200 m2 do armazém, com cenografia de Aby Cohen e decoração do jovem artista plástico Derlon, ambos brasileiros. O Espaço Brasil tem uma sala de espectáculos, uma galeria de arte, bar, terraço e até um cineclube.

Já há programação até meados de 2013, mas o comissariado vai estudar qual a melhor forma de dar continuidade para que passe a ser um novo espaço para apresentações artísticas em Lisboa, já que tem uma dimensão média, com características diferentes das salas que já existem na capital.

LOBO ANTUNES E E. L. JAMES

A britânica E. L. James esteve em Lisboa a lançar o último volume da sua trilogia erótica. Ao que se sabe não se cruzou na cidade com António Lobo Antunes, que em outubro, no festival literário Escritaria, em Penafiel, confessou ter lido mais do que um volume deste best-seller que em Portugal se chama "As Cinquenta Sombras".

E o escritor, que é médico, descreveu-o assim: "Fala de partes do corpo humano que eu não sabia que existiam. A quantidade de coisas que eu também não sabia que existiam e que se podem meter em várias partes do corpo... É completamente obsceno, achei aquilo ofensivo para as mulheres. Se eu vos contasse aqui o que lá se passa vocês nem dormiam!". Gargalhadas na sala.

 

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