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30/12/2012 - 08h03

Quatro poemas de amor, por Caetano Galindo

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CAETANO GALINDO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Poema de amor #1
Se eles inventaram nosso amor
(Ou pelo menos certa obsessão)
Talvez não seja tanta desrazão1,
Querer-se cogitar da condição
Do dito romantismo (alemão2)
Se (na língua de Goethe3) coração
Não, por acaso, rimasse com dor.

1 (Frase de efeito, ou mera fixação)
2 No "inglês", infelizmente, não há rima.
3 Ou Heine, ou Schiller, não muda a escansão.

*

Poema de amor #2
Num sei cumé queu póssu ti dizê,
Mais sei qui ocê é bunita pra xuxu!
Nem cus ipissilôni ô dabliú
Eu sei palavra pra ti discrevê.

Só quéru tisplicá qui ai lóvi iú
I ispéru qui cê possa mintendê,
Qui nem qui a gênti intêndi sem sabê
Us riu, as frô i a vóiz duirapuru!!!

Cê é minha frô, meu riu, meu passarim,
I túdu nêssi mundão sem portêra,
Sem êra ô bêra i sem nem tê mais fim.

Eu... sem você... eu pêrcu as istribêra!
Rosinha, vem ficá juntim di mim,
Francisco Bento Sousa, a vida intera!

*

Poema de amor #3
Se cá-lo, pois me calha ser só mente:
Atalho. Avio um me que em mim cabia.
Ou falo-se-me, falo em mim, se mente;
Recolho a mim, amém, a minha via.

(Retalho: ou dois, cisalho a minha frente.)
Atalho. Talho. Ou dois. Há via. Havia.
Tresmalho, aferro, em fim, meu erro quente.
(Retardo, tarde, tardo e re(torquia).?:

Serfalho, soutolo. Sou ser me incauto,
Em quanto assaltos no encanto que ex-colho
E colho no Entanto o que em não me salto.

Verparco, serdolo. Me fardo em meu olho...
Sou, quando. Pois me ralho ao que me pauto,
E Quantos. Se já Parto. Errado. Antolho.

*

Poema de amor
Escrevo, ou quero, ou só quimera obtusa,
a sandra mara, mais que mera musa,
que, doce, dá-se, dócil, por que aduza
a mim a minha mira, a mão profusa.

Se falo, falho, há falta, enfim, confusa
habita-me uma voz, que então abusa,
invade, vem, atroz, por que reduza
a vida a entalhe, falta, fresta oclusa.

Não leio ou lavro a língua que me usa,
se sobra simples, seca, semifusa
de música, palavra, que conduza.

Não trilho, espelho rumos rumo à eclusa,
se doce, dócil dou-me ao que me induza
a réu sem rei num rio que me recusa.

 

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