Descrição de chapéu petrobras

Governo diz não querer ruptura com novo comando da Petrobras

Intenção, segundo auxiliares de Temer, é manter atual diretoria e não alterar a política de preços da empresa

O ex-presidente da Petrobras Pedro Parente
O ex-presidente da Petrobras Pedro Parente - Pedro Ladeira/Folhapress
Brasília

Mesmo com a saída de Pedro Parente do comando da Petrobras, auxiliares do presidente Michel Temer dizem que a intenção do governo é manter a atual diretoria e não alterar a política de preços da empresa, muito embora haja forte pressão para isso, inclusive na base aliada do governo.

Temer espera a escolha do presidente interino pelo conselho de administração da Petrobras para definir quem assumirá o comando da empresa até o final de seu governo.

O ministro Moreira Franco (Minas e Energia) disse que o titular definitivo será escolhido ainda nesta sexta-feira (1º).

Até o final desta tarde, o Planalto não havia se manifestado oficialmente sobre a demissão. Mais cedo, os ministros de articulação política do governo, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Carlos Marun (Secretaria de Governo) se recusaram a responder perguntas de jornalistas sobre a saída de Parente do comando da Petrobras. 

O presidente passou a manhã e a tarde em reunião com ministros após o encontro com Parente, e auxiliares afirmam que tratativas sobre o novo nome só devem ser feitas após o governo ser informado pela Petrobras sobre quem assumirá o comando interinamente. 

Apesar das queixas de apoiadores do governo feitas até mesmo diretamente ao presidente, pessoas próximas a ele disseram que foram pegas de surpresa com a notícia do pedido de demissão de Parente. Segundo elas, não havia no Palácio do Planalto articulação para tirá-lo do cargo.

O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, estava na reunião de monitoramento da crise provocada por 11 dias de paralisação de caminhoneiros quando foi informado, por alerta do mercado financeiro, de que Parente havia ido ao terceiro andar do Planalto entregar sua carta de demissão. Desceu imediatamente, mas a saída do agora ex-presidente da Petrobras já estava consumada.

Na segunda-feira (28), auge da crise dos caminhoneiros, o ministro chegou a afirmar que a saída de Parente não estava na pauta do governo. "Não está na pauta do governo sequer analisar a possibilidade de o ministro sair do cargo."

Padilha havia elogiado a atuação de Parente à frente da estatal e disse que sua gestão está alinhada com o que pensa o governo. "Sob o ponto de vista de gestão, [Parente] mostrou que está afinado com a intenção do presidente Michel Temer e, portanto. Não podemos analisar sequer qualquer pressão para demissão do Pedro Parente. Para nós, ele é um gestor eficaz, eficiente e tem apresentado rodos os resultados em um tempo curto", afirmou.

A conversa entre Parente e Temer durou entre 20 e 30 minutos. Segundo assessores do presidente da República, Parente estava tenso antes do encontro e chegou com a carta de demissão pronta.

Auxiliares de Temer dizem que Parente não gostou da interferência do governo na Petrobras quando, no início da crise, teve que anunciar desconto no preço do óleo diesel. Com o desenrolar dos acontecimentos e percebendo já surgir uma pressão também para que algo seja feito em relação ao preço da gasolina, o presidente da Petrobras se deu conta de que outras intervenções poderiam acontecer.

Segundo a Folha apurou, o governo não viu com bons olhos o fato de Parente ter anunciado sua saída com o mercado aberto, em vez de ter feito isso um dia antes, no feriado de Corpus Christi, ou mesmo depois do fechamento das bolsas nesta sexta-feira. No início da tarde, as ações da Petrobras caíram 16%.

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