Descrição de chapéu Previdência

Investidor deve tomar cuidado ao escolher forma de resgate da previdência

Seguradoras e bancos oferecem renda vitalícia ou temporária, que é mais comum

Danielle Brant
Nova York

Além de olhar taxas e conhecer o tipo de fundos em que o plano investe —renda fixa, multimercados ou ações—, quem contrata uma previdência privada tem que manter em mente uma preocupação de longo prazo: como vai ser a forma de resgate do dinheiro acumulado.

As seguradoras trabalham com algumas opções, como renda vitalícia (em que o cliente recebe um valor pelo resto da vida) ou temporária (em que o valor é pago por um período acertado previamente).

A maior parte dos planos é de renda temporária, afirma Myrian Lund, planejadora financeira da associação Planejar. Isso ocorre porque a população está envelhecendo mais e os bancos e seguradoras não conseguem calcular com exatidão a expectativa de sobrevida de cada um. "A instituição não quer comprar seu risco de viver mais", resume.

Muitas vezes, porém, o cliente contrata o plano sem atentar para esse detalhe, adverte a planejadora. "É importante verificar o que o banco está efetivamente oferecendo. Se for renda temporária, quantos anos foram calculados."

Isso evita que o participante se aposente, receba o valor por um tempo e, encerrado o período contratado, se veja sem recursos no futuro.

Algumas seguradoras estão personalizando essa decisão. Na Brasilprev, consultores orientam o recém-aposentado sobre o que considerar ao pedir o resgate do dinheiro, afirma Sandro Bonfim, superintendente de produtos da empresa.

"Percebemos que, na verdade, existem ciclos de aposentadoria. Respeitados esses ciclos, as decisões mudam ao longo do tempo", diz. "A pessoa tem que observar no momento que vai usufruir do capital que acumulou."

São basicamente três ciclos, diz. O primeiro é o mais ativo, em que o aposentado, em torno dos 60 anos, ainda consegue ter uma segunda fonte de renda. "Aí é mais interessante resgatar à medida que surja alguma necessidade, como um complemento de renda ou troca de um carro."

Na segunda fase, o aposentado deixa de ter essa segunda renda e passa a usufruir mais do benefício. Aí é indicada uma renda temporária, que garanta os pagamentos de despesas mensais e lazer.

No último ciclo, quando o aposentado já precisa de cuidados médicos ou opta por ficar em uma casa de repouso, o saldo da previdência é convertido em renda vitalícia.

"Achamos os passos interessantes para evitar o 'efeito loteria', em que o aposentado se vê com uma renda grande e pode se ver tentado a gastar os recursos", afirma Bonfim.

Para assegurar que haverá recursos para a terceira fase, a seguradora ajuda o aposentado a fazer as contas para saber quanto gastará nessa etapa e quais recursos não poderá utilizar.

Outra decisão importante, ainda mais num cenário de juro baixo, é incluir mais risco nos fundos, para acelerar a acumulação ou aumentar a renda futura, diz Lund.

Os planos já podem ter até 70% em renda variável —antes, o máximo permitido eram 49%. Lund não vê, porém, esse tipo de produto atraindo o investidor conservador.

"Quando tem participação muito grande em renda variável, há volatilidade alta, e o brasileiro não está acostumado a isso. Esses planos de 70% em ações não vão crescer tanto no mercado", avalia.

Mas os planos que têm fundos multimercados podem ser uma alternativa para incluir risco sem assustar o pequeno investidor, diz.

"O ideal é que, para o próximo ano, as pessoas façam até mais de uma previdência, para aproveitar os fundos multimercados, que estão dando acima do CDI [juro médio de empréstimos entre instituições financeiras], nos últimos meses", recomenda.

"Assim, ele vai conseguir chegar mais rápido à sua meta ou se aposentar com uma renda maior. É preciso buscar produtos mais agressivos", afirma.

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