Azul já se beneficiava de crise da Avianca

Em comunicado ao mercado, Azul informou que assinou proposta para adquirir ativos da Avianca

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São Paulo

A crise que levou à recuperação judicial da Avianca Brasil, quarta maior companhia aérea do mercado de voos domésticos, já vinha beneficiando a frota da terceira empresa do ranking, a Azul, que começou a absorver aviões da concorrente desde o início do ano.

Nesta segunda (11), em comunicado ao mercado, a Azul informou que ​assinou uma proposta não vinculante no valor de US$ 105 milhões (R$ 406 milhões) para a aquisição de certos ativos da Avianca Brasil por meio de uma UPI (Unidade Produtiva Isolada).

De acordo com comunicado ao mercado, a UPI incluirá ativos selecionados pela Azul como o certificado de operador aéreo da Avianca Brasil, 70 pares de slots (autorização de pousos e decolagens) e aproximadamente 30 aeronaves Airbus A320.

A Avianca Brasil devolveu sete aeronaves de sua frota desde dezembro passado, quando se desentendeu com empresas arrendadoras de aviões e pediu recuperação judicial para estancar as dívidas e as tentativas que essas arrendadoras vinham fazendo para retomar aviões.

Cinco dos aviões devolvidos pela Avianca até agora são do modelo Airbus A320neo. Três deles já estão pintados com a logomarca da Azul, que até o final de 2018 possuía 20 modelos do tipo.

A Azul já tinha um interesse antigo de elevar a participação dos A320neo em sua frota, mas em fevereiro divulgou comunicado afirmando que decidiu acelerar os planos de renovação do portfólio.

Avião da Azul no aeroporto de Guarulhos
Azul se beneficia de recuperação judicial da Avianca Brasil - Amanda Perobelli/UOL

A meta da Azul era alcançar 27 aviões A320neo até o fim de 2019, mas foi elevada para 32 –coincidentemente, o mesmo número de A320neo que a Avianca devolveu aos arrendadores.

Além de serem maiores do que os aviões Embraer usados pela Azul, os A320neo proporcionam economia de combustível, reduzindo o custo de operação.

O grande drama da recuperação judicial da Avianca Brasil foi justamente a retomada de aeronaves por parte das arrendadoras.

Os sete aviões já devolvidos pertencem a quatro empresas: Boc Aviation, GE Capital Aviation, Aircastle e Infinity. Essas e outros três grupos de arrendadores pediam cerca de 35 aeronaves, de uma frota que tinha 48 aviões em operação até o ano passado.

O interesse da Azul pelas aeronaves pode ter levado as arrendadoras a endurecer a negociação com a Avianca Brasil, segundo avaliam executivos que atuam pela recuperação da companhia.

Conforme antecipou a coluna Mercado Aberto, algumas arrendadores de motores e aviões desistiram de negociar com a Avianca Brasil o pagamento pelo leasing dos equipamentos. A prioridade é retomar os ativos mesmo que haja um calote definitivo.

A queda de braço pelos aviões da frota da Avianca evoluiu para uma disputa judicial que envolveu não só as arrendadoras como também a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

A agência reguladora chegou a recorrer na Justiça  de uma decisão que a impedia de executar o processo de retirada de aeronaves em caso de solicitação de arrendadores.

Procurada na sexta-feira (1º), a Avianca Brasil não se manifestou.

A Azul afirma que todas as aeronaves adicionadas a seu plano de renovação de frota foram negociadas diretamente com as empresas arrendadoras.

"Eram aviões que estavam disponíveis no mercado e essa é uma ação em linha com nossa estratégia de frota", disse a empresa.

Procurada também na sexta-feira , a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) afirmou que, até agora, nenhuma das aeronaves devolvidas da Avianca Brasil foi registrada na agência por outra empresa.

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