Parlamentares de oposição lançaram nesta quarta-feira (20) uma frente parlamentar mista contra a reforma da Previdência.
Os organizadores afirmam que que 171 deputados e 27 senadores assinaram a lista para a implantação da frente. A lista não foi apresentada, mas alguns nomes foram citados, como os dos deputados Jandira Feghali (PC do B-RJ), Alessandro Molon (PSB-RJ), Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e os senadores Rogerio Carvalho (PT-SE), Jaques Wagner (PT-BA), Paulo Rocha (PT-PA) e Zenaide Maia (PROS-RN).
Um dos coordenadores da frente, o senador Paulo Paim (PT-RS), afirma que 30 senadores aceitaram assinar o pedido de abertura da frente, porém com o argumento de defender a Previdência Social.
Embora seja um termômetro da capacidade de mobilização oposição contra a reforma, não é possível garantir que todos os signatários votarão contra a proposta do governo.
Para Paim, há dois pontos críticos na proposta do governo e que não passam pelo crivo dos parlamentares: a criação do regime de capitalização e as mudanças no benefício para idosos em situação de miséria.
Categorias que representam os
servidores públicos afirmam que a capitalização (em que a aposentadoria é resultado da poupança individual do trabalhador) inviabiliza o atual regime de repartição (em que os trabalhadores da ativa ajudam a pagar as aposentadorias).
"Se o governo insistir na proposta do jeito que está não passa", afirmou.
Com o lançamento da frente, as entidades que representam os servidores públicos também começam a se organizar contra a reforma.
Além da capitalização, as corporações têm críticas ao discurso do governo de que a reforma combate privilégios.
"Os servidores contribuem para a Previdência mesmo após a aposentadoria, o que nenhuma outra categoria faz. Isso não é ser privilegiado", afirmou Ângela Luna, da Atens (associação dos técnicos das universidades federais).
O economista Alexandre Schwartsman rebate o discurso dos servidores com números.
Segundo ele, os servidores são apenas 3,6% dos beneficiários da Previdência e, no entanto, respondem por 32% do deficit do sistema de aposentadorias.
Da economia prevista pelo governo com a reforma (R$ 1,165 trilhão), cerca de 25% vêm de modificações na Previdência dos servidores.
"Isto configura uma proposta que torna a Previdência menos regressiva [menos concentradora de renda nos mais ricos] do que é hoje", afirmou.
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