Mesmo com um juro fixo de 3% ao ano mais a inflação, o novo modelo de financiamento imobiliário da Caixa teria, ao longo dos últimos 15 anos, custado mais ao consumidor que um crédito tradicional com a taxa de 8,5% mais a TR (taxa referencial).
É o que mostra a simulação feita por Marcelo Prata, fundador da Resale, plataforma que vende imóveis retomados pelos bancos.
A Caixa afirmou que o financiamento pelo novo modelo terá custo de 2,95% a 4,95% ao ano, mais a inflação. A correção pela inflação será mensal.
Segundo os cálculos de Prata, um consumidor que tivesse contratado um financiamento de R$ 400 mil teria pago ao fim de 15 anos R$ 767 mil. No sistema atual, no mesmo prazo o custo seria de R$ 737 mil.
Se há 15 anos a Caixa tivesse oferecido o novo modelo de contrato, o consumidor teria desembolsado R$ 30 mil a mais pelo mesmo financiamento. Parte da explicação é por que a inflação medida pelo IPCA oscila mais bruscamente que a TR.
Indexador do financiamento | IPCA (novo) | TR (tradicional) |
Valor do imóvel, em R$ mil | 500 | 500 |
Parcela financiada | 80% | 80% |
Valor do financiamento, em R$ | 400 | 400 |
Prazo, em anos | 15 | 15 |
Taxa de juros ao ano, em % | 3,00% | 8,50% |
Valor total pago, em R$ mil | 767,2 | 737 |
Diferença, em R$ mil | R$ 30,2 a mais |
A conta considera uma das taxas prefixadas cogitadas pela Caixa para o novo modelo de crédito imobiliário. Se a taxa for a 5%, a diferença ao consumidor pode aumentar.
O novo sistema está baseado, porém, na expectativa de que a inflação brasileira poderá ficar controlada daqui para frente. Isso ocorreria porque o Brasil ainda enfrenta dificuldades de se recuperar da crise econômica, e as pessoas estão sem dinheiro para consumir. A recuperação viria em um cenário pós aprovação de reformas, que ajudariam a controlar os gastos públicos e a manter a inflação controlada.
Neste ano, a previsão de economistas é que o IPCA termine o ano em 3,71%. Ao fim de 2020, a inflação deve estar em 3,90%. A longo prazo, a meta da inflação foi reduzida para 3,75% ao ano.
Ao lançar o novo financiamento, o objetivo do banco público é poder reempacotar os recebíveis como títulos de dívida, que serão vendidos no mercado a investidores. A remuneração do investimento se assemelharia aos títulos públicos Tesouro IPCA+, que rendem uma taxa fixa e mais a variação da inflação.
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