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Emergentes ficarão mais distantes de desenvolvidos após coronavírus, avalia presidente do BC

Para Campos Neto, se crise perdurar, países vão convergir para estímulo fiscal de 6% a 7% do PIB

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Brasília

Em videoconferência com economistas do banco Credit Suisse, na manhã desta quarta-feira (8), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que os mercados ficarão mais fechados pós-pandemia.

"Haverá um distanciamento de países desenvolvidos e emergentes", avaliou. Para ele, a geopolítica mundial ficará diferente depois da crise da Covid-19. "Parte do mundo questiona a concentração da produção de bens médicos em alguns países, principalmente emergentes, que se especializaram cada um em uma coisa, nessas cadeias globais de valores."

Ele ressaltou que, se a crise perdurar, “é consenso entre banqueiros centrais do mundo que países vão convergir para estímulo fiscal de 6% a 7% do PIB (Produto Interno Bruto)”, com aumento de gastos públicos por conta da pandemia.

O Presidente do Banco Central, Roberto Campos, Neto durante entrevista na sede do banco em Brasília
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante entrevista na sede do banco em Brasília - Andre Coelho - 09.jan.2020/Folhapress

Campos Neto também falou sobre as mudanças que a crise poderá trazer em acordos mundiais de melhores práticas bancárias. "A crise que nos fez voltar um pouco, as conversas mundiais mudaram completamente. Teremos um entendimento diferente do papel dos bancos, que não tem mais como apertar capital", pontuou.

O presidente do BC tem conversado com o Senado Federal para que a autorização para que a autoridade monetária atue no mercado secundário de títulos privados seja aprovada na PEC do Orçamento de guerra, que deve ser votada na próxima semana.

"Conversei com senadores ontem e farei uma vídeo-chamada amanhã para explicar as medidas. Entendo que são inovadoras, novas no país, e a função do BC é explicar porque são importantes e o que vamos fazer com esses dispositivos. Que é importante ter, mas nem sempre vamos usar, traçando paralelo com outros países, mostrando resultados", disse.

A iniciativa é uma forma de tentar destravar mais recursos. O BC poderá comprar diretamente crédito públicos e privados, algo que já é feito pelos bancos centrais de países desenvolvidos. "É um tema discutido também em outros países, como fazer com que a liquidez provida aos bancos chegue à ponta", ressaltou.

Para ele, a possibilidade de comprar títulos públicos (de longo prazo) e privados gera estabilização no mercado, o que melhora também as condições de crédito. "Essa operação de comprar o [título] longo [de longo prazo] e emitir o curto, dá grande ganho de estabilização. Mas nós não gostaríamos de adotar esse tipo de intervenção de forma permanente, mas queremos fazer na crise", salientou.

Ele defendeu a importância dos depósitos voluntários, trecho que foi retirado da PEC de Orçamento de guerra. A ideia era permitir que bancos repassem recursos voluntariamente ao Banco Central (BC), na forma de depósitos à vista ou a prazo. Com isso, a instituição financeira que tiver excesso de caixa poderia depositar uma parte na autoridade monetária e o valor seria remunerado com juros.

Hoje, os bancos são obrigados a fazer depósitos compulsórios —parcela de dinheiro que as instituições deixam retida no BC. Não existe a possibilidade de depósito voluntário.

"Essas medidas casadas com o depósito voluntário ganhariam mais potência", frisou. Isso porque o BC não precisaria fazer operações compromissadas (venda ou compra de títulos públicos com compromisso de recompra em data futura) para enxugar o excesso de liquidez -oferta de dinheiro- no sistema financeiro.

As operações compromissadas são um passivo do BC que afetam diretamente a dívida pública bruta.

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