A pandemia de Covid-19 acelerou a chegada do futuro do mercado de trabalho e ele, segundo relatório do Fórum Econômico Mundial, deverá resultar na eliminação de 85 milhões de empregos nos próximos cinco anos devido à automação, ao mesmo tempo em que 97 milhões de vagas serão criadas.
Esses novos empregos, segundo o fórum, serão necessários para atender uma divisão de trabalho mais adaptada à nova divisão do mundo do trabalho, que será entre humanos, máquinas e algoritmos. Em 2025, a participação de trabalhadores e máquinas estará quase igual: aos humanos caberá 53% das atividades.
As previsões estão no relatório “O Futuro dos Empregos”, divulgado na terça-feira (20).
“Estamos começando a ver um cenário de dupla disrupção virando realidade para a maioria dos trabalhadores hoje”, disse Saadia Zahidi, diretora do Fórum Econômico Mundial em entrevista coletiva transmitida nesta quarta (21).
Para ela, a tendência de longo prazo de automação e digitalização já vinha deslocando algumas funções, mas esse processo foi acelerado ao ser combinado com a recessão causada pela pandemia.
“A contração de certas partes da economia está tornando mais difícil para os trabalhadores assumirem suas novas funções”, afirmou.
O relatório aponta que, apesar da previsão de um saldo positivos na relação entre empregos novos e eliminados, a taxa de criação de vagas deverá desacelerar, ao mesmo tempo em que a eliminação de funções consideradas obsoletas deverá crescer.
Ainda assim, segundo Saadia, a avaliação das perspectivas para o futuro são “cautelosamente otimistas”, uma vez que ainda será possível criar mais empregos.
“Se colocarmos hoje esforços para redimensionar, aprimorar e ajudar os trabalhadores na transição de uma função A para uma função B, eu acho que poderemos chegar lá [em um saldo positivo de vagas], mas isso demanda esforços pró-ativos.”
No Brasil, a maioria das empresas ouvidas na elaboração do relatório disse que os principais impactos da pandemia de Covid-19 em suas estratégias foram a digitalização de processos da rotina de trabalho e a criação de oportunidades de trabalho remoto.
O uso de ferramentas digitais e de videoconferência foram citados por 92% das companhias entrevistadas. A possibilidade de os trabalhadores atuarem a partir de suas foi citado em 88% dos casos.
A empresas brasileiras também aceleraram a automação de tarefas: 68% relataram ter mudado de estratégia devido à pandemia. Houve ainda a aceleração em processos de requalificação de funções (52%) e mudanças temporárias nas funções de empregados (40%).
A divulgação do Fórum Econômico Mundial integra a programação do “Job Reset Summit” (encontro para repensar o trabalho, em tradução livre). “Se você está procurando emprego, fique de olho em funções em áreas que incluam dados, inteligência artificial, marketing digital e segurança de informação”, diz o fórum.
A sugestão é válida também para os brasileiros, uma vez que as funções com maior potencial de crescimento são ligadas à tecnologia, como análise de dados e processos de automação. Entre as habilidades consideradas emergentes pelas empresas estão pensamento analítico, criatividade, liderança e inteligência emocional.
As mudanças nas habilidades e capacidades necessárias ao trabalho permitiriam que 97% das empresas automatizasse o trabalho. Para 93%, isso também tornaria possível manter os funcionários atuais. Contratar equipe nova qualificada às novas tecnologias atenderia 87% das companhias.
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