Crescimento do ecommerce faz varejistas temerem 'camelódromo digital'

Varejistas afirmam que sistema tributário brasileiro é arcaico e não pega sonegação fiscal em compras online

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São Paulo

O IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo), entidade que reúne cerca de 70 grandes varejistas do país, está estudando uma maneira para combater a informalidade e a sonegação de impostos em tempos de aumento nas vendas online.

Nos meses de pico da restrição social, como abril e junho, mais de 5,7 milhões de clientes fizeram a sua primeira aquisição pela internet, segundo dados da Neotrust.

Gabriel Cabral/Folhapress

Levantamento da Mastercard Brasil mostra ainda que 46% dos brasileiros aumentaram o volume de compras online durante a pandemia e 7% realizaram uma compra digital pela primeira vez.

Com a intensificação do ecommerce, dizem representantes do varejo, a informalidade migrou para os meios digitais.

"No começo eram camelôs em frente às lojas. Agora, são grandes camelódromos digitais que tiram proveito do nosso sistema tributário arcaico", diz Flávio Rocha, da lojas Riachuelo e conselheiro do IDV.

Ele se refere aos sites marketplace, que abrigam vendedores individuais e empresas que não possuíam lojas online –e que, em muitos casos, atuam na informalidade.

O presidente do instituto, Marcelo Silva, deixa claro, no entanto, que não existem processos pontuais contra empresas específicas.

“Estamos fazendo um conjunto de ações contra informalidade”, afirma.

“Não sabemos em que estratosfera a sonegação está, por isso estamos estudando de um modo geral, com as receitas Federal e estaduais, uma forma de combate à pirataria”, diz o presidente do IDV.

“Entendemos que muitas plataformas não emitem nota. Entregam para o consumidor com um documento de entrega, sem ser fiscal. E isso é concorrência desleal”, defende.

Rocha afirma que o sistema tributário brasleiro foi feito para fiscalizar caminhões que transitavam em rodovias, mas que a a evolução trazida pelo comércio eletrônico, onde as mercadorias são despachadas por correio ou transportadoras, exige uma nova abordagem do fisco.

“Não adianta rastrear a mercadoria, tem que rastrear o pagamento. Antes, era mais fácil rastrear o caminhão de trigo do que três moedas de outro. Hoje, a mercadoria ficou irrastreável, mas o pagamento é totalmente rastreável.”

O presidente do IDV diz que a sonegação aumenta a probeza. "Somos 212 milhões e apenas 51 milhões tem algum tipo de formalidade. Evitar a sonegação vai fazer com que tenha mais dinheiro para bolsa família e aposentadoria", diz ele.

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