Transportadores de combustíveis ameaçam paralisação em MG

Empresas reclamam de lockdowns e falta de apoio para enfrentar queda na demanda

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Rio de Janeiro

Transportadores de combustíveis ameaçam paralisar as operações em protesto por contra o fechamento do comércio sem medidas de apoio do governo ao setor. O movimento é puxado por empresas de Minas Gerais, que tentam mobilizar concorrentes em outras regiões do país.

"A categoria vai parar porque o governo não fez nenhuma medida para socorrer as empresas de transporte", diz Irani Gomes, presidente do sindicato das transportadoras de combustíveis de Minas Gerais (Sindtanque-MG). A entidade reúne cerca de 400 empresas.

Ele afirma que a mobilização já foi acertada com empresários dos quatro estados do Sudeste, mas que ainda não há uma data prevista para a paralisação. Os empresários reclamam também da alta do preço do diesel em um cenário de redução das atividades.

"Em um lockdown, como no início da pandemia, o [volume de] trabalho chegou a cair 90%", afirma Gomes, criticando o aumento das medidas restritivas em todo o país para enfrentar a escalada da contaminação pelo novo coronavírus.

Na quarta (17), Minas Gerais entrou na "onda roxa" das medidas de combate à pandemia, com o funcionamento apenas de serviços essenciais, o que deve impactar as vendas de combustíveis no estado.

Nesta quinta (18), a prefeitura de São Paulo anunciou a antecipação de feriados, criando uma semana de recesso às vésperas da Páscoa. Em publicação no Twitter, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (DEM), informou que tomará medida semelhante.

Gomes reclama que as empresas de transporte não conseguiram acesso aos programas emergenciais criados pelo governo federal para enfrentar a pandemia em 2020. E que não há sinalização de apoio também dos governos estaduais.

No sábado, a Folha mostrou que, mesmo após a isenção de impostos federais, 18 estados e o Distrito Federal aumentaram o preço de referência para cobrança de ICMS sobre o óleo diesel, o que representa uma elevação d valor pago pelo consumidor.

"Como pode subir o imposto depois que o governo federal zerou o dele?", questionou o presidente do Sindtanque-MG. Os estados alegam que apenas acompanham a alta dos preços nos postos, mas alguns governos, como o do Pará, optaram por manter o preço de referência.

Gomes diz que as empresas são contra medidas de restrições à circulação também por entender que não têm efeito. "Estamos na linha de frente nas estradas e não tivemos aumento de mortes e de contágios", afirmou. "O Estado precisa é ensinar a todos como prevenir o contágio."

Representantes do setor de combustíveis consultados pela reportagem disseram que as entregas estão sendo feitas normalmente e que ainda não perceberem grande mobilização pelo país. A avaliação, porém, é que no momento um movimento de empresários poderia ter mais força do que um de caminhoneiros.

No início de fevereiro, os caminhoneiros autônomos ameaçaram com uma paralisação para protestar contra a alta do preço dos combustíveis, mas o movimento não teve grande adesão. Logo após, o presidente Jair Bolsonaro anunciou a troca no comando da Petrobras, em tentativa de agradar a categoria.

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