Bolsonaro diz que reajuste para policiais pode ficar para 2023

Presidente condiciona aumento para categoria a 'entendimento' das demais, que ameaçam greve

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Brasília

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta sexta (11) que o reajuste para policiais pode ficar para 2023, se não houver entendimento com os demais servidores.

O governo federal reservou R$ 1,7 bilhão no Orçamento deste ano para conceder aumento para policiais federais, rodoviários federais e agentes penitenciários.

A medida, contudo, foi amplamente criticada pelo restante do funcionalismo público, cuja maior parte não recebe aumento desde 2017.

O presidente Jair Bolsonaro em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília - Lucio Tavora - 11.fev.2022/Xinhua

Policiais fazem parte da base eleitoral do presidente, que está atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas de intenção de voto.

"Se houver entendimento, por parte dos demais servidores, alguns ameaçam greve, etc, a gente pretende conceder essa recomposição aos policiais federais, rodoviários federais e aos agentes penitenciários. Se não houver entendimento, a gente lamenta e deixa para o ano que vem", afirmou Bolsonaro, em entrevista à TV Brasil.

O presidente reconheceu haver uma "polêmica" sobre o aumento, e disse que houve uma "grita geral".

O Congresso, quando votava o Orçamento de 2022 em dezembro do ano passado, chegou a retirar a previsão de reajuste para os policiais.

Contudo, após articulação do próprio presidente, a medida voltou para o texto.

Desde então, servidores públicos de diferentes categorias ameaçam greve. No final do ano passado, a possibilidade de reajuste levou a uma debandada na Receita Federal —mais de 300 auditores fiscais entregaram cargos de chefia.

Se concretizar que não haverá aumento para os policiais neste ano, presidente terá de lidar, contudo, com o descontentamento da categoria. O Painel mostrou, no começo de janeiro, que eles falavam em "traição" caso o presidente recuasse da medida prometida.

Integrantes do governo passaram a tratar como certo que não haverá reajuste neste ano para nenhuma categoria. Ainda que o benefício fosse para uma parcela considerada do eleitorado do presidente, ele foi aconselhado por aliados a deixar de lado a medida, diante do potencial de se tornar um "tiro no pé".

Recentemente, Bolsonaro havia dito que o reajuste salarial apenas para policiais federais, rodoviários federais e agentes penitenciários poderia estar garantido neste ano, e o dos demais servidores ficaria para o ano que vem.

"A gente pode fazer justiça com três categorias. Não vai fazer justiça com as demais, sei disso. Fica aquela velha pergunta a todos: vamos salvar três categorias ou vai todo mundo sofrer no corrente ano?", disse à Jovem Pan.

O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), tem defendido que, para conter o movimento grevista, nenhum servidor público federal tenha reajuste salarial em 2022.

Na avaliação do deputado, a solução para conter a pressão é que Bolsonaro recue da promessa feita a policiais, e que os salários de todos os servidores federais não sejam reajustados neste ano. "Não dar nada a ninguém", defendeu Barros à Folha.

A sinalização de reajuste para a categoria preocupou muito governadores, como mostrou o Painel. Eles temiam um efeito cascata em categorias que também estão no topo do serviço público estadual.

"É muito ruim essa sinalização em um momento em que os estados também sofrem pressão e estão batalhando para repor a inflação ou, no máximo, fazer as correções históricas para as categorias que ganham menos", diz o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Estado da Administração, Fabrício Marques.

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