Descrição de chapéu Banco Central juros

Taxa de juros de empréstimos em janeiro é a mais alta desde 2019

Segundo dados do Banco Central, valor médio chegou a 35,3% ao ano em janeiro

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Brasília

Com a volta da taxa básica de juros (Selic) aos dois dígitos, a escalada de juros cobrados pelos bancos para empréstimos continua. Em janeiro, o valor médio chegou a 35,3% ao ano. Os dados foram divulgados pelo Banco Central nesta quinta-feira (24).

A taxa bancária média, que era de 33,8% em dezembro do ano passado e sofreu alta de 1,5 ponto percentual, atingiu o maior patamar desde novembro de 2019, quando estava em 35,49%. Para efeito de comparação, em janeiro de 2021, estava em 28,4%.

Os números referem-se ao segmento de recursos livres, em que o custo dos financiamentos é estabelecido livremente pelas instituições financeiras

Fachada do prédio do Banco Central, em Brasília - Antonio Molina - 11.jan.2022/Folhapress

Nas operações de crédito, a taxa de juros média anual cobrada pelo sistema financeiro subiu para 25,3% em janeiro, contra 24,3% em dezembro de 2021.

O cenário está relacionado ao ciclo do aperto monetário promovido pelo BC. Em fevereiro, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a Selic de 9,25% para 10,75% ao ano e sinalizou que o ciclo de aperto, iniciado em março do ano passado, ainda não chegou ao fim.

Depois de começar 2021 com a taxa básica de juros no patamar mínimo histórico de 2% ao ano, foram oito altas seguidas, totalizando aumento de 8,75 ponto percentual. Agora, a Selic está no maior nível desde maio de 2017, ainda no governo de Michel Temer (MDB), quando os juros eram de 11,25% ao ano.

O ciclo de elevação da Selic busca promover a ancoragem das expectativas diante de uma inflação persistente.

Pressionada pelas despesas com educação, alimentação e transportes, a inflação medida pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) subiu 0,99% em fevereiro, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na quarta (23). Com isso, a alta acumulada em 12 meses até fevereiro é de 10,76%.

Além disso, houve crescimento no spread bancário (​diferença entre a taxa de captação dos bancos e o que eles cobram em empréstimos). O patamar do spread nas operações com recursos livres ficou em 24,6 pontos percentuais no mês, contra 23,6 pontos em dezembro de 2021.

A autoridade monetária informou ainda, nesta quinta (24), que o estoque de crédito no Brasil permaneceu estável no mês de janeiro, com volume total de R$ 4,7 trilhões, o que corresponde a 53,3% do (PIB) Produto Interno Bruto.

O saldo de crédito na carteira de pessoas físicas somou R$ 1,5 trilhão em janeiro, com elevação de 1 ponto percentual no mês. Entre as principais modalidades, destacaram-se elevações no crédito pessoal não consignado (3,5%), no cartão de crédito rotativo (8,6%), e no cheque especial (13,6%).

Apesar da estabilidade no estoque de crédito, as concessões dessazonalizadas de novos empréstimos bancários registraram alta de 12,6%.

No crédito com recursos livres, o nível de inadimplência média registrou leve alta, subindo 0,2 ponto percentual. Em janeiro, está em 3,3%, contra 3,1% no mês anterior.

Já a taxa de inadimplência média registrada pela instituições financeiras nas operações de crédito passou de 2,3% para 2,5% na comparação entre dezembro de 2021 e janeiro deste ano. ​

O BC também divulgou estatísticas sobre o endividamento das famílias com bancos em relação ao mês de novembro de 2021. No período, o total foi de 51,9% da renda acumulada nos doze meses anteriores, contra 51,2% em outubro de 2021. Por outro lado, o comprometimento de renda das famílias continuou estável (27,9%).

Na modalidade do cartão de crédito rotativo, a taxa de juros variou de 347,4% ao ano em dezembro do ano passado para 346,3% ao ano em janeiro. Na avaliação do BC, o número indica estabilidade.

"A taxa de juros do cartão rotativo é muito elevada, é proibitiva. Os clientes devem planejar suas despesas financeiras para não caírem no cartão rotativo e, se eventualmente caírem, devem sair o mais rapidamente possível", comentou o chefe do departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha.

Já a taxa cobrada no cheque especial foi de 128,4% em janeiro, ante 127,9% em dezembro.

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